As frases apresentadas podem levantar duas questões: o uso do presente em lugar dos tempos do passado; e a ordem não canónica dos constituintes da frase.
Comecemos pelo uso do presente em referência a ocorrências passadas. Trata-se de um recurso habitual na escrita jornalística, essencialmente em títulos de jornais, «não só com predicados que exprimem estados, mas também com predicados que exprimem eventos, procurando-se assim ampliar o presente para além do tempo da enunciação» (Gramática do Português, Fundação Calouste Gulbenkian, pág. 517):
(1) «Decorre até dia 31 de janeiro o prazo para entrega de candidaturas».
Também o recurso ao presente nestes textos jornalísticos pretende «localizar temporalmente uma situação ocorrida num tempo anterior ao da enunciação, mas próximo dele, e com relevância no presente» (ibidem); exemplo:
(2) «Trabalhador morre eletrocutado em linha de comboio em Pombal» (Jornal de Notícias).
Por outro lado, podemos avaliar a diferente ordem dos constituintes da frase. Comece-se por referir que a ordem canónica das frases em português é: sujeito, verbo e objetos (SVO). Daí, poderia afirmar-se que o correto seria termos:
(3) «Marília Mendonça morre/morreu em queda de avião».
Contudo, é também verdade que a língua portuguesa permite outras ordens dos constituintes nas frases em que ocorrem, o que implica a inversão do sujeito, por isso, é aceitável, entre outras, ter-se: verbo, sujeito, objeto. Daí:
(4) «Morre/morreu Marília Mendonça em queda de avião».
A opção pela posição pós-verbal pode prender-se com a intenção de colocar o foco noutro constituinte da frase que não o sujeito, como acontece na frase (4) em que se dá destaque à situação descrita pelo verbo, portanto, à ação da morte.
Não se consegue afirmar que esta opção seja exclusiva a situações que envolvem pessoas famosas, como é o caso de Marília Mendonça. No entanto, o facto de se nomear explicitamente a pessoa que pratica ou sofre a ação facilita a escolha pela ordem dos constituintes descrita em (4).