Não há uma explicação clara e indiscutível acerca das condições que impõem a anteposição (próclise) do pronome átonos. Pode, contudo, explicar-se que, em português europeu, tais pronomes precedem o verbo sempre que se seguem:
– a conjunções e locuções conjuntivas subordinativas (que, quando, embora, ainda que);
– a pronomes e advérbios interrogativos («Quantos se sentem infelizes?», «Onde se sentem infelizes?)
– a advérbios de negação («não/nunca se sentem infelizes»);
– a certos advérbios e locuções adverbiais (bem/mal/ainda/já/sempre/só se sentem infelizes» e «talvez se tenham sentido infelizes)
– a quantificadores, também designados por determinantes indefinidos («todo o homem se sente infeliz», «algum homem se sente infeliz?»; cf. Nova Terminologia);
– e a pronomes indefinidos («todos/alguns/nenhuns se sentem infelizes.
Esta é uma lista muito breve dos casos em que a próclise se verifica. Mas se o cliente não estiver convencido, remeta-o para Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, pág. 313 (itálico do original a negro):
«[há próclise pronominal] quando o sujeito da oração, anteposto ao verbo, contém o numeral ambos ou algum dos pronomes indefinidos (todo, tudo, alguém, outro, qualquer, etc.):
[...]
Todos os barcos se perdem,
Entre o passado e o futuro.
(Cecília Meireles, OP, 37.)»