DÚVIDAS

Sobre o infinitivo pessoal, outra vez

Uma amiga alemã, que está aprendendo português e que recentemente teve uma aula sobre infinitivo pessoal, perguntou-me se a frase (a) «é preciso [de] eu praticar mais português» estaria correta. Sugeri a ela alternativas como «eu preciso [de] praticar mais português» ou «é preciso que eu pratique mais português». A frase (a) soa-me estranha, incorreta, mas uma frase como (b) «é preciso [tu] ires ao supermercado» parece-me perfeitamente normal.

Tanto (a) como (b), na minha opinião, seguem as mesmas regras, ou seja, do infinitivo flexionado. Minha pergunta é, pois, se a frase (a) está correta; caso contrário, por que não?

Resposta

Segundo F. V. Peixoto da Fonseca, «a frase (a) tem a mais o de, que, por outro lado, é perfeitamente admissível, legítimo e correcto em «eu preciso de praticar mais português». A frase (b) é, de facto, «perfeitamente normal». O infinitivo pessoal (ou flexionado) é da frase (b).»

Observe-se, pois, que a locução é preciso é seguida de uma oração de infinitivo que tem a função de sujeito; ou seja, a oração «eu praticar mais português» é o sujeito de é preciso, pelo que não pode ser introduzida por uma preposição: *«é preciso de praticar mais português» é uma frase agramatical». Já quando se trata do verbo precisar, há um complemento que inclui um verbo e que pode ser usado ou não com preposição: «preciso de praticar mais português» = «preciso praticar mais português». Por outras palavras, a regra do uso de é preciso é diferente de precisar.

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