O provérbio em questão inscreve-se directamente em temas como a desconfiança ou a traição, mas nos dias de hoje pode ser considerado como sinal de preconceito. Semanticamente próximo de «diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és», é interpretável como «quem pactua com indesejáveis trai os seus». Registado no Livro dos Provérbios Portugueses, de José Ricardo Marques da Costa (Lisboa, Editorial Presença, 2004), sem qualquer esclarecimento sobre significação ou origem, não me é possível determinar a sua história exacta, embora o contexto evoque o tempo em que os galegos eram injustamente discriminados ou desconsiderados por serem não só pobres mas também estrangeiros ou forasteiros; é, portanto, um provérbio que tem, entre outros aspectos, um carácter xenófobo.
Note-se que os visados no provérbio não têm de ser necessariamente os galegos propriamente ditos, ou seja, os da Galiza. No Sul de Portugal, "galegos" podiam também ser os naturais das Beiras que sazonalmente se deslocavam para essa região a fim de trabalhar no campo. É plausível que essas pessoas pobres, prontas a aceitar as piores condições de trabalho em troca de muito pouco, fossem mal vistas pela população meridional, pelo menos, entre camponeses sem terra, talvez porque essa atitude favorecia os interesses dos proprietários, contribuindo para manter salários baixos.