1. Em Portugal, um pouco como tinha já acontecido noutras partes do mundo, a Igreja Católica enfrenta denúncias de abusos sexuais a menores por parte de alguns dos seus membros. Nas muitas páginas que se têm escrito a propósito do tema, aparece, com frequência, a palavra pedofilia, que refere «a atração sexual de um adulto por crianças» ou a «prática de atos sexuais com crianças ou com quem ainda não atingiu a puberdade». A palavra, formada pela composição de dois radicais gregos (ped(o)-, que significa «filho, criança», e -filia, elemento de formação pospositivo, de origem grega e carácter nominal, que exprime a ideia de «amizade, predileção»), poderia ter originado um termo conotado positivamente que designaria o ato de «ser amigo de crianças». Todavia, a palavra evoluiu no sentido de uma significação de carga negativa e, atualmente, refere uma doença de foro psiquiátrico, que se encontra classificada pela OMS como um transtorno de preferência sexual. Refira-se, ainda, que, em si, a pedofilia não é considerada crime. O crime está associado à prática de abuso de menores. Pertencente ao mesmo campo lexical de pedofilia, a palavra pederastia (do grego paiderastía: junção do radical ped(o)- e da forma -erastia (de erastḗs, com o significado de «amável, amoroso, aquele que padece de amor») refere a «prática sexual entre um homem e um rapaz mais jovem», no contexto da Grécia Clássica. Os termos pedofilia e pederastia poderão, no contexto da existência de prática sexual efetiva, ser usados como sinónimos. Note-se, porém, que a palavra pederastia parece ter sido votada a algum esquecimento no usos quotidianos do português. Acrescente-se ainda que, em Portugal, o crime relacionado com estas práticas é designado pela perífrase «abuso sexual de menores».
No Ciberdúvidas, encontram-se vários textos relacionados com as palavras destacadas. Por exemplo: «Pedofilia ou pedomania?» , «A pronúncia de pedofilia», «Pedófilo», «A diferença entre pedofilia e pederastia».
2. A identificação da origem etimológica do substantivo alojamento leva às palavras alojar e loja, numa viagem que passa por várias línguas e que recua, pelo menos, até à Idade Média. Esta é a primeira resposta que se disponibiliza no Consultório. Aqui ficam também disponíveis para consulta as seguintes respostas: «A origem do topónimo Sernadelo», «Psoriásico, psoriático, psórico e psoríaco», «Coesão: «Um..., o outro»», «O verbo desabafar», «Pronome demonstrativo seguido de pronome relativo: «Era isso o que...»», «A análise sintática de «Dona Carlota Joaquina»» e ««Ação de formação» e formação».
3. Frases da natureza de «Aqui compram-se os melhores fatos» e «Aqui compra-se os melhores fatos» têm, não raro, desencadeado dúvidas relacionadas com a opção correta e com a interpretação da função dos seus constituintes. Retomando este assunto, a professora Carla Marques deixa algumas notas relacionadas com o assunto, neste apontamento emitido originalmente no programa Páginas de Português, na Antena 2.
4. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o número 2 (volume 26) da revista brasileira Veredas, da Universidade Federal de Juiz de Fora (estado de Minas Gerais), com diversos artigos de âmbito linguístico.
5. O professor universitário Marco Neves apresenta um texto dedicado aos processos linguísticos de formação de palavras, no qual passa em revista os processos de derivação, composição e alguns processos irregulares (transcrito com a devida vénia).
6. Numa entrevista ao jornal Diário de Notícias, conduzida pelo jornalista Leonídio Paulo Ferreira, o diretor-geral do Instituto Cervantes, Luis García Montero, defendeu a promoção conjunta do espanhol e do português como forma de ampliar o crescimento de ambas as línguas no mundo. Fica transcrita na íntegra, com a devida vénia, na rubrica Diversidades.