Para o estudo da etimologia de alojamento convém ter uma perspetiva românica, de conjunto, porque é termo que encerra um empréstimo vindo do francês posteriormente adaptado pelas línguas românicas ibéricas.
Assim, é consensual que alojamento, palavra documentada desde o século XV, seja um derivado de alojar, verbo atestado em português, pelo menos desde o século XIV, segundo o Dicionário Houaiss.
O verbo alojar aparece nas línguas iberrromances ocidentais – galego-português e castelhano – talvez como derivado de loja, vocábulo que surge na Península Ibérica por via do catalão llotja, por sua vez, adaptação do francês loge, do baixo-frâncico *laubja (forma hipotética), que significaria «sala». Sobre o radical de loja (e da sua variante quatrocentista lógea), que é loj-, observa-se ainda o seguinte o Dicionário Houaiss:
«[...] do baixo-frâncico antigo *laubja, representado no alto-alemão antigo louba e no médio alto-alemão loube 'vestíbulo, galeria'; a base já se representa no latim medieval laubia, lobia e lobium; do francês o inglês lodge (1225-1290), o italiano loggia (s. XIII), o catalão llotja e o catalão dialetal llonja (do s. XIV), donde o castelhano lonja (1490); o inglês lobby (1553) e loge (como galicismo teatral, por 1749), [sendo] lobby aquele que se universaliza no s. XX; a cognação portuguesa inclui, além dos citados loja, lógea e lobby/lobe, os seguintes derivados: alojação, alojado, alojador, alojamento, alojar, alojo; desalojabilidade, desalojado, desalojador, desalojamento, desalojante, desalojar, desalojo; loje, lojeca, lojeiro, lojica, lojista; realojar, realojamento, realojado [...].»
Pode também supor-se que alojar venha mais diretamente do occitano (ou provençal) alotjar, conforme propõe, para o castelhano, o dicionário da Real Academia Espanhola. É muito duvidoso que o verbo tenha origem no latim adlocare, como se lê em algumas páginas da Internet.
Sobre dicionários de etimologia da língua portuguesa, registe-se o que se lê numa página do projeto do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (DELPo), da Universidade de São Paulo: «as obras mais completas que temos em língua portuguesa são as várias publicações de Antônio Geraldo Cunha, Houaiss & Villar e José Pedro Machado. São ausentes ou muito falhos os estudos dos séculos XVII, XVIII e XX».