1. Suspende-se em Portugal o 15.º estado de emergência, e entra em vigor a quarta e última fase do plano de desconfinamento, a partir das 00h00 do dia 1 de maio de 2021. Reinstaura-se agora a situação de calamidade, que marca o regresso na maior parte dos concelhos portugueses da prática de todas as modalidades desportivas e da atividade física ao ar livre, muito embora sem o dever cívico de confinamento (mais informação aqui). Entretanto, a covid-19 continua a grassar no mundo – a Índia continua a braços com uma segunda vaga catastrófica –, pelo que ainda é muito cedo para afirmar que o pior já passou. Assim vai a atualidade da pandemia, refletida pelas cinco novas entradas de A covid-19 na língua: «Desconfinamento, 4.ª fase», «É preciso (ainda) cerrar os dentes», «estado de emergência suspenso», «imunização vacinal» e «livro verde».
2. «Estou mortinho por ir ao teatro» é enunciado de gosto duvidoso nestes tempos ameaçadores, mas é também prova de vitalidade de uma expressão idiomática no idioma. Uma resposta sobre «estar morto/mortinho por» faz parte da presente atualização do Consultório, onde se esclarecem mais seis dúvidas: diz-se «oxalá corra tudo bem» ou «oxalá decorra tudo bem»? E terá o poeta Alberto Caeiro dado um erro quando escreveu «o rebanho é os meus pensamentos»? Qual a função sintática de «no contexto» em «a expressão incomum no contexto»? Aceita-se usar essenciais como o mesmo que «coisas essenciais»? Falando das cidades da Grécia antiga, como se pluraliza o nome pólis? E, sobre o nome do rio que passa pela cidade de Leiria, será Lis a grafia mais correta?
3. Na rubrica O Nosso Idioma, a atenção incide sobre o caso de Póvoa de Varzim, que frequentemente se diz como "Póvoa do Varzim", erro que reflete uma oscilação do uso e omissão do artigo definido com topónimos, conforme assinala Carlos Rocha num pequeno comentário dedicado ao tópico. Na mesma rubrica, outro apontamento, vindo do Brasil, no qual o revisor Gabriel Lago critica o emprego monótono do demonstrativo isso e propõe estratégias para o não repetir.
4. Assinalando já o Dia Mundial da Língua Portuguesa, decorre na capital portuguesa, entre 5 e 9 de maio de 2021, o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura. Acontece por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, com o propósito de inscrever a cidade nos roteiros nacionais e internacionais dos festivais consagrados às letras, suas formas, seus lugares, seus públicos, seus agentes, seus amantes. O evento tira partido da vida cultural de Lisboa e conjuga o seu dinamismo com uma série de atividades organizadas propositadamente para o festival mas nascidas de um contexto que o precede. Toda a programação aqui.
5. Referência, ainda, para os festejos do 1.º de Maio, em que coexistem ritos ancestrais e a comemoração da luta sempre renovada por melhores condições de trabalho e pelo direito a salários justos. Em Portugal, como noutros países, a festa coincide com a primavera e, por isso, são recorrentes os motivos alusivos à época do ano e ao seu simbolismo, como sejam as maias que se penduravam (ou ainda se penduram) às portas e que se supunha terem o poder de esconjurar dianhos e demónios. A propósito deste feriado, desde 2020 condicionado pelas medidas de combate à covid-19, leiam-se: "Um «conjunto de diagnóstico» pelo 1.º Maio, o termo quotidianidade e os desafios da covid-19 enfrentados pelos professores", "Maio – festivo e sindicalista", "Um 1.º [de Maio] não é propriamente um 1.º [de Maio]" e "As abreviaturas dos meses do ano...".
6. Entre atividades relacionadas com a língua portuguesa que são notícia, tiveram relevo na semana que finda:
– Assinalando a publicação do seu novo livro História do Português desde o Big-Bang, o professor universitário e tradutor Marco Neves dinamizou também a primeira sessão de Conversas da Língua, um evento virtual com a participação do linguista Fernando Venâncio e de José Ramom Pichel, que debateram aspetos da génese e da variação do português.
– Incentivando a capacidade de apreciar cinema entre a população escolar e privilegiando também os filmes que fazem ouvir a língua portuguesa, os novos recursos do Plano Nacional de Cinema (PNC) – cadernos pedagógicos e uma plataforma de filmes para uso nos ensinos básico e secundário – foram apresentados em 29/04/2021 na Cinemateca Portuguesa, em sessão presencial e virtual. Estes recursos vão passar a estar disponíveis nas páginas do PNC – aqui.
7. Na rádio pública portuguesa, os temas centrais nos três programas focados na língua portuguesa:
– A propósito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, Elias Torres Feijó, professor da Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, fala da promoção do português em contexto académico em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*),
– Igualmente à volta desta comemoração, a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, sublinha o papel do idioma português junto da diáspora repartida pelo mundo, e Carlos Fiolhais, físico teórico e ensaísta, refere-se ao seu uso como língua de ciência no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 2 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 8 de maio, às 15h30*). O programa conta com uma crónica da linguista brasileira Edleise Mendes.
– As formas de cortesia e as regras da (boa) etiqueta da comunicação são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com a professora Maria Regina Rocha, no programa Palavras Cruzadas, entre 3 e 7 de maio p.f. (Antena 2, às 09h50 e às 18h20).