Conforme sinaliza a intuição do consulente, o uso de vírgulas no constituinte «no contexto» pode associá-lo a uma função sintática distinta daquela que desempenha sem vírgula.
Em primeiro lugar, diga-se o adjunto adverbial (modificador do grupo verbal), quando é anteposto ao verbo, costuma levar vírgula:
(1) «No sábado, fomos ao cinema.»
Por esta razão, a frase apresentada pelo consulente, aqui transcrita em (2), inclui um adjunto adverbial, que leva vírgula por estar localizado em início de frase:
(2) «No contexto, a expressão incomum requer leitura atenta.»
Nesta frase, o constituinte «no contexto» incide sobre o grupo verbal «requer leitura atenta» modificando o seu sentido: afirma-se que a leitura atenta deve ser feita num determinado contexto.
Não obstante, este mesmo constituinte pode associar-se não ao verbo, mas ao adjetivo incomum, como também sinaliza o consulente:
(3) «A expressão incomum no contexto requer leitura atenta.»
Neste caso, «no contexto» é um complemento do adjetivo e, nessa qualidade, terá de ser colocado à direita do adjetivo e não leva vírgula, como acontece com outros complementos de adjetivo apresentados, a título de exemplo, a seguir:
(4) «Feliz com a situação»
(5) «contente por ter terminado»
(6) «ansioso para começar»
Em (3), o adjetivo incomum rege a preposição em, que introduz o complemento do adjetivo, e, neste caso, o que se afirma é que o traço incomum se ativa em determinado contexto, sendo equivalente a (7):
(7) «A expressão que é incomum no contexto requer leitura atenta.»
Disponha sempre!