Se as situações em que a vírgula não deve ser usada são, por vezes, complexas, os contextos em que esta deve ser usada não o são menos. Passemos, então, em revista alguns casos que exigem o uso da vírgula:
(i) «− Sim, vou ao cinema. Não, não quero.»
Os advérbios sim e não, em situação de resposta a interrogativas totais, são seguidos de vírgula;
(ii) «− João, vem cá!»
«− Bom dia, João.»
«− Diz-me, João, vens connosco?»
A vírgula separa ou intercala o vocativo, grupo de palavras que identifica o “tu” a quem se dirige a pessoa que fala;
(iii) «O João, o meu colega, já chegou.»
«O livro deste autor, que apresentei na aula, ganhou um prémio.»
A vírgula delimita constituintes com a função de modificador apositivo do nome, indicando que não são elementos essenciais da frase e que apresentam uma explicação ou uma informação extra;
(iv) «Quando o João chegar, vamos tomar café.»
A vírgula isola as orações subordinadas adverbiais quando são colocadas antes da oração subordinante;
(v) «− O João, acrescentou ele, chega hoje.»
Quando uma oração intercala outra, a vírgula delimita-a;
(vi) «O João chegou tarde, porém não se justificou.»
«O João não quis sair, sentia-se, porém, muito só.»
«O João terminou o trabalho. Todavia, só o entregaria no dia seguinte.»
Com conectores como porém, todavia, contudo, no entanto, a colocação da vírgula segue diferentes regras: coloca-se antes do conector quando este surge à cabeça da oração; delimita o conector se este surgir no interior da sua oração; coloca-se depois do conector se este surgir em início absoluto de frase.
Uma dose equilibrada de conhecimento das regras básicas associada a uma prática consciente da escrita constitui um receituário capaz de garantir uma escrita sem alguns dos problemas típicos de pontuação. Afinal, o uso da vírgula não é tão difícil quanto se possa pensar!