A diferença entre orações causais e explicativas pode, com efeito, levantar dúvidas.
Não tratando aqui as situações que poderão relacionar-se com zonas de interpretação mais cinzenta, poderemos dizer que a diferença basilar entre estes dois tipos de orações se centra na causa real ou na causa de dicto.
A causa real é expressa pelas orações subordinadas causais: esta apresenta a causa, o motivo, a razão para a situação descrita na oração subordinante. Veja-se a frase:
(1) «O João caiu porque o Rui o empurrou.»
Em (1), o empurrão dado pelo Rui é apresentado como causa da queda do João. Esta é uma causa real, efetiva. Note-se ainda que neste tipo de relação causal a situação descrita na oração causal é, do ponto de vista temporal, anterior à situação descrita na oração subordinante.
A causa de dicto é expressa pelas orações coordenadas explicativas. Nestas, a oração explicativa apresenta não uma causa para a situação descrita na oração anterior, mas antes uma explicação do que o que se afirma nessa oração, tal como acontece em (2):
(2) «O João não deve estar em casa, porque não ouço barulho.»
A oração explicativa vem justificar a afirmação «O João não deve estar em casa», ou seja, explica como se chegou a essa conclusão. Com efeito, «não ouvir barulho» não é a causa para o facto de o João não estar em casa. Nestas orações está antes presente uma relação de justificação que identificamos muito claramente em situações como a que se apresenta em (3):
(3) «Cala-te, que o João chegou.»
A oração «que o João chegou» justifica a ordem que se dá na primeira oração.
Note-se ainda que a situação descrita numa oração coordenada explicativa não é temporalmente anterior à que se descreve na oração anterior.
No que respeita à pontuação, quando a oração é coordenada explicativa, deve levar uma vírgula a separá-la da oração anterior. Quando estamos perante uma oração subordinada causal, não devemos usar vírgula.
Disponha sempre!