A sua argumentação a favor da manutenção da forma original dos estrangeirismos drakars e skalds parece-me válida. Todos sabemos que há estrangeirismos difíceis de adaptar (T-shirt, surf, download, abat-jour...) e outros que podem ser aportuguesados com naturalidade, sem que a sua forma cause estranheza (batom, futebol, hambúrguer, blogue).
Mas também existem, é certo, muitas palavras estrangeiras que suscitam reacções divergentes quando são incorporadas na nossa língua. Então, hesitamos entre dossier e dossiê, entre stress e estresse, entre Zimbabwe, Zimbabué e Zimbábue, multiplicando-se as grafias possíveis para esses termos em português. Quando assim é, pelo menos durante algum tempo, o facto de o aportuguesamento ter sido dicionarizado não nos impede, por si só, de usar a grafia original dos estrangeirismos (muitas vezes igualmente dicionarizada em português).
O normal é que seja a comunidade de falantes a decidir, gradualmente, como será fixada a forma dos termos estrangeiros que decide adoptar. E o mais natural é que as grafias menos usadas caiam em desuso e que as preferidas pelo maior número de falantes acabem por vingar. Veja-se como o aportuguesamento inicial uísque acabou por ser preterido em favor do original whisky, ao passo que a sandwich começou por ser sanduíche e acabou por ser abreviada para sandes.
Assim, no caso das adaptações "dracares" e "escaldos", é evidente que um tradutor sozinho pode muito pouco contra toda uma comunidade de falantes, se a intenção geral for manter a grafia original das palavras. Com a agravante, neste caso, de se tratar de termos que ainda não foram atestados nos dicionários e que são empregados em contextos muito específicos, não no discurso do dia-a-dia. No entanto, parecem-me termos facilmente adaptáveis à nossa língua, tanto mais que a Mordebe regista dracar e drácar (embora não apresente o substantivo "escaldo", nem tão-pouco skald).
Para já, portanto, eu diria que pode escrever e pronunciar esses termos como achar conveniente, sem perder de vista o objectivo de ser entendido pelos seus leitores ou interlocutores!