A propósito dos 80 anos de Guernica, o emblemático quadro de Picasso alusivo à Guerra Civil espanhola, e da exposição consagrada à efeméride em Madrid, as notícias na imprensa portuguesa registaram invariavelmente o nome espanhol do museu, Reina Sofia. Reina, em português, não é rainha? Quando se referem à ex-monarca espanhola, ou à atual, chamam-lhes também reinas? E, já agora, porquê só uma parcela em espanhol, e não o nome completo original, Museo Reina Sofia?
Obviamente que nada disto faz sentido. Como não faria sentido, escrevendo-se e falando-se em Portugal – ou seja, para leitores, ouvintes e telespectadores portugueses –, que todo e qualquer outro museu estrangeiro fosse referido pelo nome original das suas línguas, e não pela forma aportuguesada de cada um deles. Faz parte das regras básicas da técnica jornalística a comunicação (mais) acessível ao comum dos falantes-recetores? Mas também seria preciso que o idioma nacional não fosse a realidade que é, hoje, no espaço mediático português.