«Lisboa eleita cidade mais “cool” da Europa pela CNN. A cadeia de televisão norte-americana
CNN elegeu ontem Lisboa como a cidade mais cool da Europa. A atmosfera,
o clima, a gastronomia e a vida noturna fazem de Lisboa um ponto de visita
obrigatório, na opinião da jornalista Fiona Dunlop, em reportagem para a CNN.»
A notícia circulou praticamente na generalidade da imprensa portuguesa, do audiovisual aos jornais, em papel ou no suporte digital. E raros, raríssimos, tiveram o cuidado de cumprir, ao menos, o que aconselha a boa prática jornalística: a descodificação de qualquer palavra ou expressão menos acessível ao comum dos leitores/telespetadores/ouvintes, sejam estrangeirismos ou meros socioletos. Por maioria de razões – o seu estatuto (e obrigações) de serviço público – é o que se esperaria da RTP: ao menos, como outros fizeram, a tradução, entre parêntesis, na legenda mantida em permanência durante a peça, «Lisboa cool».
1 É toda uma panóplia de possibilidades de tradução – incluindo as do âmbito da gíria coloquial – de um termo que, no inglês, não abarca necessariamente a propriedade semântica da correspondência em português: «com estilo», «espetacular», «fixe», «porreira», «gira», «legal»/«bacana», etc.
2 Dir-se-á que ao anglicismo cool, já de tão generalizado nalguns meios e setores – da juventude mais urbana às publicações da moda e do entretenimento –, tarde ou cedo, acontecerá o que sucedeu ao galicismo chic há bem mais de meio século, que ganhou a feição portuguesa (chique). Veremos é se se livra da estranha hesitação que ainda anda por aí com o registo de outro neologismo de recente afirmação, “googlar”, em vez de guglar.