Na oração apresentada – «o homem de que te falei é o meu pai» – é possível usar os dois pronomes relativos, ou seja, seria igualmente correto «o homem de quem te falei é o meu pai», isto porque ambos os pronomes relativos que e quem podem referir-se a pessoas e a seres ou coisas personificadas e podem ser sujeito de oração.
O mais comum é termos o relativo que porque, como refere a Nova Gramática do Português Contemporâneo «que é o pronome relativo básico. Usa-se com referência a pessoas ou coisas, no singular ou no plural, e pode iniciar orações adjetivas restritivas e explicativas» (Cunha e Cintra, 2002, pág. 346). No entanto, o facto de quem só se empregar com referência a pessoas ou a alguma coisa personificada leva a que os falantes optem por ele em detrimento de que. Com efeito, no exemplo apresentado temos um constituinte preposicionado «de que/quem», caso em que os falantes têm preferência por «pronomes relativos semanticamente ou morfologicamente mais ricos» (E. B. P. Raposo et al. 2013. Gramática do Português, Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 2013, p. 2083), como é o caso de quem. Não obstante, e como referido, o relativo que pode «ocorrer num constituinte relativo preposicionado com a função de complemento indireto» (ibidem).