A preposição integra a oração subordinada em ambas as frases, mas em condições que importa compreender. Para analisarmos o funcionamento da preposição que acompanha uma oração relativa, teremos de distinguir duas situações:
(i) a preposição incide apenas sobre o constituinte relativo, ou seja, trata-se de um constituinte relativo preposicionado:
(1) «O rapaz com quem saí é muito simpático.»
Na frase apresentada, a oração subordinada relativa é equivalente a «eu saí com o rapaz», o que mostra que o constituinte «com o rapaz» é substituído, na frase (1), por «com quem». Deste modo, a representação dos vários níveis de funcionamento dos constituintes na oração corresponderá à que se apresenta a seguir:
(1a) «O rapaz [[com quem] [saí]] é muito simpático.»
Assim, os constituintes desempenham, nos diferentes planos em que funcionam, as seguintes funções sintáticas:
− «com quem saí» – oração subordinada adjetiva relativa restritiva, com função de modificador do nome restritivo (no interior do sintagma nominal que tem como núcleo rapaz);
− «com quem» – constituinte relativo preposicionado, com função de complemento oblíquo do verbo sair (trata-se de um sintagma preposicional regido pelo verbo sair);
(ii) a preposição incide sobre toda a oração subordinada relativa, ou seja, esta é uma oração relativa preposicionada, uma vez que a preposição é regida por um verbo (ou outro constituinte) pertencente à oração subordinante:
(2) «Ofereci um livro a quem participou na sessão.»
Na frase apresentada, a oração subordinada relativa é, na sua totalidade, introduzida pela preposição a. Estamos perante um sintagma preposicional equivalente ao sintagma preposicional «aos participantes», que integra a frase apresentada em (3):
(3) «Ofereci um livro aos participantes.»
Em (2a), representamos os níveis de funcionamento dos constituintes da frase (2):
(2) «Ofereci um livro [a [[quem] [[participou] [na sessão]]]].»
Os diferentes constituintes desempenham, no interior da oração, as seguintes funções sintáticas:
− «a quem participou na sessão» − sintagma preposicional introduzido pela preposição a complementada pela oração subordinada relativa, com função de complemento indireto do verbo oferecer;
− «quem» − constituinte relativo com função de sujeito do verbo participar;
− «na sessão» − constituinte preposicional, com função de complemento oblíquo do verbo participar.
Pelo que ficou exposto, nas frases apresentados pelo consulente, aqui retomadas em (4) e (5), os verbos agradecer e precisar regem a preposição a e de, respetivamente:
(4) «Ele agradece a quem o acompanhe.»
(5) «Ele precise de quem o ajude.»
Nas duas situações estamos perante um caso de oração relativa preposicionada, que surge num contexto de verbo complementado por um sintagma preposicional, formado por preposição acompanhada de oração relativa. Na frase (4), o constituinte «a quem o acompanhe» desempenha a função de complemento indireto do verbo agradecer; na frase (5), o constituinte «de quem o ajude» desempenha a função de complemento oblíquo do verbo precisar.
É possível analisar as funções desempenhadas pelos constituintes no interior da oração relativa. Nesse plano, as preposições das frases (4) e (5) não desempenharão qualquer função sintática uma vez que elas são regidas pelo verbo da oração subordinante. Teremos assim na frase (4):
− «quem» − sujeito;
− «o» − complemento direto.
Na frase (5), os constituintes que compõem a oração relativa desempenham as seguintes funções:
− «quem» − sujeito;
− «o» − complemento direto.
Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as gentis palavras que nos endereça.
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