À luz do que diz Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, p. 453/454), a sequência constituída por amor e uma expressão à direita é uma nominalização cujo valor semântico-sintáctico pode ser posto em correspondência com a sintaxe do verbo amar. Se este verbo se constrói com um sujeito («a mãe») e um objecto directo («o filho»), então as nominalizações «o amor da mãe» e «o amor ao filho» têm ambas complementos nominais, porque estes são «termos argumentais», isto é, são elementos obrigatoriamente associados ao nome. Por outras palavras, ao interpretar a expressão «amor da mãe ao filho», temos um primeiro complemento [como diz o consulente, um «genitivo subjectivo»], equivalente ao sujeito de amar, e um segundo complemento [“genitivo objectivo] que é equivalente ao objecto do mesmo verbo.
Costuma haver dúvidas quanto à função do constituinte que na nominalização corresponde ao sujeito («a mãe ama» = «o amor da mãe»), mas Bechara não vê sentido em considerar o constituinte de função subjectiva como adjunto (idem, pág. 453): «Estando a nominalização presente quer no complemento nominal de função primária subjetiva ("a resolução do diretor ← o diretor resolveu"), quer no de função primária objetiva ("a descoberta da imprensa ← Gutenberg descobriu a imprensa"), não cabe classificar, no exemplo "a resolução do diretor", "do diretor" como adjunto adnominal, enquanto, no exemplo "a descoberta da imprensa", "da imprensa" como complemento nominal.»
Do mesmo modo, não faz sentido que consideremos, em «o amor ao filho», «ao filho» como complemento nominal e, em «da mãe», como adjunto. Em conclusão, em «o amor da mãe», «o amor ao filho» e «o amor da mãe ao filho» temos sempre complementos nominais.