Na frase apresentada, o verbo casar não é um verbo copulativo.
Tal pode ser comprovado pelo facto de os verbos copulativos não selecionarem a natureza do constituinte que tem a função de sujeito. Como se observa nas frases seguintes, o verbo ser, um verbo copulativo, pode combinar-se com sujeitos [±animado], [±humano] ou [±concreto]:
(1) «O gato é ágil.» / «O muro é grande.»
(2) «O João está em casa.» / «O livro está em casa.»
(3) «O caderno foi alvo de discussão.» / «O tema foi alvo de discussão.»
Ora, no caso de verbo casar, é notória a seleção de um sujeito [+humano], o que mostra que este é um verbo principal:
(4) «A Rita casou com o João.»
(5) «*O muro casou com o João.»
Outra característica típica dos verbos copulativos é o facto de estes poderem ter como elemento predicativo um adjetivo. Todavia, esta característica não é exclusiva dos verbos copulativos, uma vez que alguns verbos principais podem admitir um predicativo adjetivo no seu sintagma verbal, como se pode observar nas frases seguintes1:
(6) «A Maria sente-se feliz.»
(7) «A Manuela passeou contente.»
(8) «O Francisco adormeceu tranquilo.»
Eduardo Paiva Raposo, na gramática que coordena, propõe que se considerem os adjetivos que são utilizados neste contexto predicações secundárias (adicionais), que têm como sujeito semântico o sujeito gramatical e que podem ser selecionadas pelos verbos (como sentir-se, na frase (6)) ou serem modificadores (como nas frases (7) e (8))2.
Nesta ordem de análise, o adjetivo pobre, presente na frase apresentada, será um modificador do verbo casar e apresenta uma predicação secundária sobre o constituinte «o filho»:
(9) ««Candidinha vira o filho casar pobre por esta coisa estúpida — o amor!» (Raul Brandão, A Farsa)
A mesma análise aplica a rico na frase (10):
(10) «Casa rico! casa rico! casa rico!...»
Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as palavras que nos endereça.
Disponha sempre!
*assinala a agramaticalidade, neste caso semântica, da frase.
1. Para um maior aprofundamento sobre as características para a identificação dos verbos copulativos, cf. Raposo et al. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1301 – 1304.
2. Cf. Ibidem.