A gramática tradicional inclui, entre as conjunções e locuções conjuncionais comparativas, a palavra como e as locuções «como se» e «como que». A locução «como se» é considerada por diversos gramáticos como introduzindo uma comparativa hipotética1. Embora do ponto de vista normativo, esta pareça ser a construção mais normativa, não faltam exemplos na comunicação social de usos em que se omite a conjunção se, como se observa por uma pesquisa no Corpus do Português, de Mark Davies:
(1) «Ao contrário, há progressiva afirmação da sua verdadeira identidade como fosse a celebração do poder feminino.» (Jornal GGN)
(2) «Fiz o aquecimento e fizemos um treino mais técnico […], tendo passado pelas mesmas situações como fosse um árbitro.» (Estar afastado do centro de decisão penaliza a arbitragem açoriana - Açoriano Oriental)
(3) «Agora temos esta “geringonça” que trata o povo como fosse um bando de parvos e de néscios.» (Ponto por ponto in Diário do Minho – Jornal de Inspiração Cristã)
(4) «[…] e Antonina, por ser posto de atendimento, funciona como fosse um minifórum […]» (Folha do Litoral News)
Assim, poderemos dizer que a construção com a locução «como se» será a mais normativa, sendo a construção com o mesmo valor introduzida apenas por como de aceitabilidade duvidosa para alguns falantes, mas, no entanto, possível.
Disponha sempre!
1. Cf., por exemplo, Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, p. 407.