Em português, usa-se pouco dilogia (ou "duologia" e "bilogia") para designar um conjunto de duas obras do mesmo autor ou que constituem uma mesma série.
Há registos de dilogia (e dialogia), mas como sinónimo de diáfora, «figura na qual se repete uma palavra já empregada, com novo matiz de significação (p.ex.: não vale a pena ter pena do adversário)» (Dicionário Houaiss). Quanto a bilogia, o dicionário Michaelis inclui esta como vocábulo em desuso, com o significado de «tratado de dois assuntos diferentes em uma só obra».
No entanto, emprega-se díptico, termo que vem das artes plásticas, mas que, por extensão semântica, se aplica também a «conjunto de duas obras da mesma natureza e que se completam» (Infopédia; ver também versão eletrónica dp dicionário de Caldas Aulete). No dicionário Priberam regista-se díptico, como adjetivo, associado a substantivos que denotam obras não necessariamente das artes plásticas: «6. Que é composto por duas partes (ex.: folheto díptico; painel díptico; obra díptica).»
Note-se que em inglês se regista dilogy e duology em referência a duas obras que se complementam, mas trata-se de uso discutível (cf. Wiktionary). Mesmo assim, a forma duology figura no dicionário eletrónico Lexico (uma versão gratuita baseada no Oxford English Dictionary).
* N.E. (29/06/2021) – A forma dilogia não tem registo nos dicionários e constitui adaptação do inglês dilogy. Não obstante, está bem formada, pois resulta da associação de elementos de origem grega (di- + logia), à semelhança de trilogia e tetralogia, termos já dicionarizados e com mais tradição na história e na crítica das artes e da literatura. Recomenda-se, portanto, dilogia, e não "duologia", um decalque do inglês menos coerente com os critérios adotados em português para a composição com morfemas de origem grega. Assinale-se, porém, que o inglês duology tem motivado adaptações neológicas (ao que parece, com alguma controvérsia) em diferentes línguas europeias: duología (espanhol), duologia (italiano), duologie (francês), Duologie (alemão), entre outros idiomas. Agradece-se a Luciano Eduardo de Oliveira os comentários e a informação que comunicou pessoalmente e permitiram a redação desta nota.