Efetivamente muitos sítios na Internet atestam o uso de racional com o sentido que é dado ao anglicismo rationale.
No entanto, os nossos dicionários atestam racional como adjetivo, relativo a alguém «que possuí a faculdade de raciocinar, que faz uso da razão; que se baseia na razão e na lógica; conforme à razão, razoável; que revela bom senso» (Infopédia). Além disso, este vocábulo é classificado como substantivo quando ocorre na aceção de «ser pensante» (Ibidem)1.
Ora, o substantivo inglês é empregado não só nestas aceções, mas também com o significado de «fundamento» ou «base lógica». Assim, a frase «não entendo o racional da tua decisão» ilustra um uso insólito de racional, que configura um estrangeirismo semântico por simples transposição do termo inglês rationale, numa tradução literal que não se recomenda.
Vale este uso anglicizado de racional para lembrar que muitas vezes há traduções, mesmo erradas, que acabam por se fixar na língua. Ainda assim, em português, o uso genuíno continua a ser o de utilizar fundamento ou «(base) lógica», de modo a dizer ou escrever corretamente «não entendo o fundamento da tua decisão» ou «não entendo a lógica da tua decisão».
1 Ver também o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e o Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa.