Não existe, por enquanto, uma norma que imponha o itálico na grafia de nomes de moedas com configuração estrangeira.
No contexto do português de Portugal, os nomes das moedas estrangeiras estão atestados sem itálico no Código de Redação Interinstitucional (CRI)1, mesmo em relação a formas claramente estrangeiras, sem justificação nos princípios da ortografia do português. Refira-se, aliás, que a não italicização dos nomes das unidades de moeda decorre do facto de estas constituírem unidades, e, portanto, não terem de seguir as regras da ortografia do português, sujeitando-se a regras internacionais para se grafarem em romano2.
Assim, de acordo com o CRI, pode verificar-se que leu é o nome das moedas da Moldávia e da Roménia. Forint (em húngaro, forint) é a moeda da Hungria, que tem atualmente o aportuguesamento fonético e gráfico forinte3. Quanto à moeda do Usbequistão, a forma correspondente é sum, forma que corresponde a ao cognato som, denominação da moeda do Quirguistão.
Há, por conseguinte, nomes que são grafados da mesma forma, em português, em inglês ou na transliteração internacional, como, aliás, sucede com outras unidades monetárias: euro (moeda única de alguns países da União Europeia) ou lira (moeda da turquia). Continuam a registar-se ainda nomes que não têm aportuguesamento: dong (moeda do Vietname).
Observe-se que as formas e os critérios gráficos adotados pelo CRI podem não encontrar consenso. Por exemplo, a Infopédia não atesta sum, mas, sim, som, nem forinte, mas sim forint, neste caso sem aportuguesar o nome, mas convergindo com o CRI, quando dispensa o itálico na grafia destas denominações semem itálico. Já o dicionário da Priberam atesta-as a todas, se bem que as consigne em itálico.
Dado a informação nos diferentes suportes consultados contradizer-se, afigura-se, pois, prudente não dar qualquer tratamento (itálico ou aspas) à escrita dos nomes das moedas em português, mesmo que esta denominação seja também ela em inglês ou numa transliteração baseada nesta língua.Existindo aportuguesamento, dá-se preferência a esta preferência, como é prática do CRI, onde por exemplo se fixa iuane como forma portuguesa de yuan, a moeda da China.
Se, por outro lado, se optar pela grafia inglesa, por não ter tradição na lexicografia do português, por exemplo, como forint, som ou yuan (moeda da China, que em português é iuane), por exemplo, então sim, estas palavras podem surgir em itálico ou entre aspas1. Esta sugestão está relacionada com o facto de se verificar que na Infopédia, por exemplo, se assumir que yuan é a denominação estrangeira para iuane.
1 Consultar o Código de Redação Interinstitucional, onde encontramos toda a informação correspondente a todos os estados ou territórios: nome oficial, gentílico, moeda, etc.
2 «Sendo as moedas unidades, não se utiliza o itálico nos termos que não seguem as regras do português», lê-se em "Do afegâni ao zlóti", A Folha, n.º 41, primavera de 2013, p. 25.
3 Também se pode usar florim (cf. florim húngaro como subentrada de florim no Dicionário Priberam), que não consta da lista de unidades de moeda do CRI.