1. A palavra o, no contexto em apreço, é, em princípio, um pronome demonstrativo que se contrai com a preposição a. Este pronome é também na frase o antecedente de um pronome relativo: «o que interessa».
2. Há gramáticos que consideram que a expressão o que é um constituinte, isto é, forma uma única unidade de análise, pelo que deve ser globalmente encarado como um pronome relativo. Nesse caso, dir-se-á que a contracção é feita com o demonstrativo que é parte desse pronome relativo.
3. A palavra direto é um advérbio, não é um nome. Na frase em análise, é usada em lugar de directamente, como se poderá ver no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: «advérbio. sem desvio; direito, diretamente Ex.: "o ônibus foi d. para a garagem"; "veio d. da faculdade"; sem parar Ex.: "o ônibus passou d. sem pegar os passageiros"; sem tardar; imediatamente Ex.: "foram d. falar com o diretor" Uso: informal; sem interrupção; sem intervalo; ininterruptamente Ex.: "trabalhou 12 horas d."»
4. Não sendo deste modo complemento nominal, a expressão «ao que interessa» constitui um adjunto adverbial de «vamos», forma do verbo ir.
5. O pronome que, por sua vez, introduz uma oração subordinada adjectiva restritiva, nela desempenhando a função de sujeito. Se optar pela análise referida em 2., em que o pronome considerado é o que, falará simplesmente numa oração subordinada substantiva. Evanildo Bechara, na sua Moderna Gramática Portuguesa (37. ª edição, pág. 490), classifica as orações introduzidas por o que como orações adjetivas substantivadas sem antecedente explícito.
Procurei simplificar no que pude, mas reconheça-se que a frase proposta é um caso problemático (e por isso interessante) para a análise sintáctica.
N. E. (27/04/2021) – Para uma perspetiva mais atualizada, ler "A locução pronominal relativa o que" (15/11/2019).