Na frase apresentada, «o que» é uma locução pronominal relativa, constituída pelo artigo definido o seguido do pronome relativo que1, que deve ser interpretada como uma unidade lexical fixa, ou seja, não podemos substituir uma palavra desta locução por outra2.
As orações introduzidas pela locução «o que», habitualmente, funcionam como apositivas de frase, ou seja, têm como referente um antecedente de natureza oracional e não um grupo nominal, como acontece com as palavras relativas. Assim, no caso em apreço, «o que» tem como referente a oração «A comunidade, historicamente, marginaliza as minorias», tendo a frase a interpretação que se assinala em (1):
(1) «A comunidade, historicamente, marginaliza as minorias, o que promove a falta de apoio da população e do Estado para com esse grupo» − ou seja, «o facto de, historicamente, a comunidade marginalizar as minorias promove a falta de apoio do Estado para com esse grupo».»
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1. Não adotamos nesta resposta a visão mais tradicional que considera o um pronome indefinido, que tem como adjunto a oração relativa e funcionando como antecedente desta oração. cf., por exemplo, Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Ed. Sá da Costa, pp. 598-599.
2. Tal como se propõe em Veloso in Raposo et al. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2085-2089.