DÚVIDAS

O "mas" no princípio de frases

Regresso ao tema do "mas" (conjunção adversativa e não advérbio, como lhe chamei...), para citar um ou dois exemplos ao acaso, colhidos em escritores portugueses que usam aquela conjunção no início de frases:

Vergílio Ferreira, Conta-corrente 5, págs.253 e 255:

"Mas mesmo obras de cultura geral, de ideias a aprofundar, a complicar." (pág. 253) ou (pág. 255)"Mas já não sei quem do júri declarou que não queria...etc.". Este volume está cheio de exemplos - praticamente em todas as páginas - do uso de "mas" no início de uma frase, a seguir a um ponto final. Em lugar de "mas" poderia usar-se "Porém", "Todavia", "Contudo", mas o certo é que não entendo por que razão há quem diga que não fica "bonito" usar o "mas"...

Outro exemplo:

José Saramago "Levantado do chão", pág. 11:

"E também vermelho, em lugares, que é cor de barro ou sangue sangrado. Mas isso depende do que no chão se plantou e cultiva, etc."

Obrigado desde já pelos vossos comentários.

Resposta

Mas é conjunção adversativa que estabelece uma contradição em relação à oração anterior.

Nos exemplos que indica, a conjunção mas é mais corrente do que as alternativas indicadas (porém, todavia, contudo) e facilita a comunicação. Alguns autores, demonstrando um grande domínio da língua portuguesa, utilizam mas no princípio de um parágrafo, realçando a oração e simplificando o discurso.

O uso estilístico da conjunção mas no princípio das frases é legítimo, gramaticalmente e estilisticamente correcto. Nos exemplos a que se refere, dá realce à oração. O mas utilizado no princípio da frase tem um uso enfático muito apreciado por certos autores de renome como os que refere.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa