O pretérito mais-que-perfeito pode assinalar uma situação anterior a uma situação descrita por um verbo no pretérito perfeito, que funciona como tempo de referência à anterior:
(1) «Eu [já] comera o bolo quando ela chegou.»
(1a) «Eu [já] tinha comido o bolo quando ela chegou.»
Assim, nas frases anteriores, a situação descrita como «comer o bolo» é anterior à situação descrita como «ela chegar», o que pode ser marcado pelo advérbio já.
Quando temos uma sucessão de frases com verbos no pretérito perfeito, a leitura pode corresponder à de ordenação temporal, como acontece em (2):
(2) «Eu comi o bolo quando ela chegou.»
Nesta frase, a forma «chegou» funciona como referência para «comi», o que gera a leitura de sequência de eventos: em primeiro lugar, «ela chegou» e, de seguida, ele «comeu o bolo».
Assim, entre a frase (1) e a frase (2) existem diferenças na ordenação temporal das situações descritas, o que se deve ao uso dos tempos verbais.
Para esta questão, podem ser consultadas as seguintes referências:
- Oliveira in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 517-531.
- Oliveira in Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 127-178.
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