A palavra contemporaneidade é derivada por sufixação (contemporâneo + -idade).
Porém, esta palavra, tal como acontece com outros adjetivos terminados em -âneo, apresenta a sequência -eidade.¹
Vejamos outras situações em que tal fenómeno tenha ocorrido:
1. Momentâneo – momentaneidade
2. Idóneo – idoneidade
3. Extemporâneo – extemporaneidade
Tendo em conta o exposto, esta palavra não pode ser considerada um exemplo de derivação parassintética, uma vez que, segundo Mira Mateus e outras, na pág. 952, in Gramática da Língua Portuguesa, a parassíntese é uma forma de derivação muito específica que ocorre quando uma palavra, geralmente um verbo, é formada a partir de um nome ou de um adjetivo, pela associação simultânea de um sufixo e de um prefixo. A título de exemplo a autora refere a palavra ensonado (en +son(o) + ado) e enfraquecer (en + frac(o) + ecer).
Celso Cunha e Lindley Cintra, in Nova Gramática do Português Contemporâneo, dão os seguintes exemplos de parassíntese:
1. Abotoar
2. Embainhar
3. Amanhecer
4. Ensurdecer
Estas palavras sem o prefixo ou sem o sufixo não são reconhecidas na língua portuguesa e é este aspeto que distingue a parassíntese da derivação por prefixação e por sufixação.
Nesses casos, se retiramos o prefixo ou o sufixo, a palavra é facilmente identificada, como é o caso de contemporâneo.
¹ Rodrigo de Sá Nogueira, Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem (Livraria Clássica Editora, Lisboa)