«Como flagelo que será motivo de muitíssimas notícias no futuro, o desemprego já deveria estar a ser tratado com respeito e consideração […] Para fazer referência à taxa, o jornalista pode dizer “a taxa do desemprego em Portugal é elevada, se comparada com a taxa europeia”; mas não pode deixar a taxa de lado e dizer “o elevado número do desemprego”, para significar o elevado número de desempregados.» alerta Wilton da Fonseca na sua crónica no jornal português i, publicada a 17 de setembro de 2012.
Como flagelo que será motivo de muitíssimas notícias no futuro, o desemprego já deveria estar a ser tratado com respeito e consideração, coisa que a SIC não tem feito: insiste que é “elevado o número do desemprego”.
É possível medir o desemprego de duas maneiras. Uma delas é apontar, de maneira vaga e geral, se ele é alto ou baixo, se está além ou aquém das expectativas: «O desemprego em Espanha é mais alto do que em Portugal». A outra maneira é especificar a sua dimensão: «O desemprego em Portugal atinge 23,8 por cento dos jovens entre 18 e 25 anos.» Para fazer referência à taxa, o jornalista pode dizer «a taxa do desemprego em Portugal é elevada, se comparada com a taxa europeia”; mas não pode deixar a taxa de lado e dizer “elevado o número do desemprego”, para significar o elevado número de desempregados.
O desemprego, portanto, não é elevado ou baixo. O que conta é a taxa, o número, a percentagem que a ele se associam; se o jornalista afirma que uma coisa é “elevada”, tem de introduzir no seu raciocínio o termo de comparação necessário. Caso contrário o flagelo que é o desemprego fica ainda mais difícil de suportar.
Texto publicado no jornal “i” de 17 de setembro de 2012, na coluna do autor, “O ponto do i”.