«Falar repetidamente» de um determinado assunto nada tem que ver com «falar consecutivamente» sobre esse mesmo assunto como se aponta neste texto publicado no jornal i do dia 19 de novembro de 2012, que a seguir se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao díário português.
Deu nos jornais [portugueses]: o Dr. Relvas esteve quatro horas e meia perante os deputados e recusou-se “consecutivamente” a falar sobre o futuro da RTP. É obra, mesmo para um bom malabarista como o Dr. Relvas (embora, como se sabe, o especialista em «malabarices» seja outro).
O que os jornais queriam escrever é que o ministro havia evitado repetidamente responder às perguntas feitas pelos deputados sobre o modelo futuro da RTP.
Consecutivo refere-se a algo que se segue imediatamente a outro, no tempo, no espaço ou na ordem numérica, sem intervalo ou sem interrupção. Por mais «malabarices» que o Dr. Relvas quisesse utilizar, não seria capaz de recusar «consecutivamente» as suas respostas. Tanto assim, que foi obrigado a introduzir algumas coisas no seu discurso, como por exemplo as maldades que estão a ser preparadas para a Lusa. Portanto, de recusa em recusa, recusou-se sistematicamente, sucessivamente, amiúde a responder às questões que lhe eram postas. Mas não consecutivamente.
Consecutivamente também pode ser utilizado para indicar um resultado, sendo sinónimo de «portanto», «assim», «logo», «consequentemente»: «O ministro falou durante quatro horas e meia. Consecutivamente, nada foi dito.»
In jornal i de 19 de novembro de 2012, na coluna do autor Ponto do i, com o título original "Consecutivamente". Manteve-se a antiga ortografia, seguida pelo jornal.