«Absolutamente excepcional» é tão despropositado (...) como «completamente normal», «totalmente pleno», «absolutamente total» ou «vulgarmente completo». In jornal “i” de 30/07/2012
Não consultei o texto do comunicado do Conselho de Ministros [português]. Mas a acreditar no “Público” e no “Diário de Notícias”: o Governo vai permitir que os municípios gravemente afectados pelos grandes incêndios possam ultrapassar o proibido e perigoso limite de endividamento e contrair empréstimos para fazer face a obras urgentes.
Os jornais citam o secretário de Estado Marques Guedes, segundo o qual a decisão tem um «carácter absolutamente excepcional». Dizem os dicionários que excepcional (adjectivo) é aquilo que constitui ou encerra uma excepção, portanto não é comum, vulgar, normal ou usual. E que o advérbio absolutamente indica algo sem restrições ou reservas, de modo completo, total, pleno ou absoluto. Portanto, «absolutamente excepcional» é tão despropositado (a expressão, não a medida, entenda-se) como «completamente normal», «totalmente pleno», «absolutamente total», «vulgarmente completo» ou outras combinações possíveis.
Marques Guedes anunciou – sempre de acordo com os dois jornais já referidos – que a tal medida excepcionalmente absoluta era o primeiro resultado do trabalho desenvolvido por uma equipa interministerial comandada pelo ministro Relvas. Com toda a certeza a equipa contará com a colaboração de muitos licenciados. Esperemos que entre eles haja pelo menos um professor de Português, com licenciatura conferida por uma universidade séria, e que saiba juntar devidamente as palavras.
In jornal i de 30 de julho de 2012, sob o título Excepcional . Respeitou-se a antiga ortografia do original.