Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa
A vitalidade do português de Moçambique
Um processo de afirmação identitária

«Moçambique constitui, entre os países africanos de língua portuguesa, aquele que mais tem progredido na descrição e codificação da sua variedade nacional, graças ao excelente trabalho de uma plêiade de linguistas de renome internacional.»

Crónica da linguista Margarita Correia publicada no Diário Notícias de 20 de dezembro de 2021, sobre a importância que tem o português de Moçambique e o contributo que a sua descrição linguística, a par da criação literária, tem dado à construção da própria identidade moçambicana.

«Morreu <i>de</i> covid» ou «<i>com</i> covid»?<br> Vamos combater as mentiras
Contra a intoxicaçao da opinião pública

«A determinação da causa de morte é um acto médico, que só ao médico diz respeito. Está longe de ser uma ciência infalível, como toda a medicina também não o é. Mas obedece à melhor interpretação dos dados clínicos disponíveis, e é feita com a mesma seriedade com que nos aplicamos na busca de um diagnóstico.»

O médico português intensivista Gustavo Carona contesta o comentador político José Miguel Júdice, que em 21 de dezembro de 2021, na SIC Notícias,  declarou estarem «a morrer pouquíssimas pessoas, e que a maioria é com covid e não de covid». Para Gustavo Carona, trata-se de uma afirmação tóxica para a opinião pública, lesiva da boa comunicação científica, pois despreza os critérios e a responsabilidade dos atos médicos. Artigo incluído em 22 de dezembro de 2021 no jornal Público (mantém-se a ortografia de 1945, adotada pelo original).

A língua cabo-verdiana <br> e a “quinta coluna” nacional-lusitanista
Por um bilinguismo real em Cabo Verde

«A relação entre o cabo-verdiano e o português não constitui um jogo de soma zero – pesem embora as consequências das políticas glotofágicas do regime colonial em Cabo» – sustenta Abel Djassi Amado, professor de ciência política e relações na Simmons University (Boston, Estados Unidos da América), defendendo o uso extensivo do cabo-verdiano e contrariando a opinião segundo a qual só o português está apto a veicular conteúdos científicos e técnicos.

Translinguagem
A hibridização linguística na contemporeaneidade

«[O] conceito da translinguagem, oriundo do inglês translanguaging, ajuda-nos a compreender as práticas de linguagem e os modos como os sujeitos contemporâneos transitam entre línguas, construindo seus repertórios linguísticos de acordo com seus interesses de comunicação e de representação no mundo.»

Crónica da linguista Edleise Mendes para o programa Páginas de Português, na Antena 2, em 19 de dezembro de 2021. 

A bela zumalhada
Palavra formada do inglês zoom e do convío à distância entre jovens

Zoom já entrara na língua por imposição das videochamadas generalizadas pelo distanciamento forçado por causa da pandemia. Chega o que dele  resultou... e com a feição portuguesa, pois claro!...

Crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, publicada no jornal  Público do dia 18 de dezembro de de 2021, a seguir transcrita, com a devida vénia ao autor.

A língua e os seus proprietários
Herança imaterial de quem a fala

«Nós, portugueses, não somos propriamente herdeiros da língua, como são os outros falantes do português: ela faz parte de nós, por essência e natureza, enquanto os outros têm que se reconhecer como herdeiros, por histórica doação. [Uma] língua não pertence a ninguém, ninguém se pode crer seu proprietário. E isso é uma lei universal e o melhor que lhe pode acontecer porque é isso que lhe dá movimento e energia. O colonizador não possui a língua, impõe-na como sua a partir de um gesto histórico de usurpação natural.»

Artigo do crítico literário António Guerreiro, in Público do dia 17 de dezembro, a  propósito do que escreveu o jornalista Miguel Sousa Tavares no semanário Expresso, intitulado "Eu, estátua, indefesa e silenciosa".

Gafarias
Ironias virulentas do «apartheid de viagens» à conta da ómicron

«Investigações imediatamente posteriores ao anúncio sul-africano tropeçaram com a ómicron a circular nos Países Baixos antes da declaração das autoridades sanitárias de Pretória. Ora, espículas!» – ironiza o jornalista e escritor Luis Carlos Patraquim nesta crónica à volta do novo «lazareto que o capitalismo de vigilância expande no palco cibernético». E de como, afinal, «estamos todos em risco de gafeirar».

O doce descobiçar
Um derivado sufiixal que promete certo alívio

«Descobiçar é gozar o alívio de não ter de ir àquele restaurante; o tempo que se ganha em não visitar aquela cidade horrível, muito na moda; o descanso que advém de não vestir aquele casaco; a paz de alma que nasce de continuar a não conhecer aquela pessoa.» Afirma o escritor Miguel Esteves Cardoso numa crónica acerca da descoberta que é sentir-se indiferente aos apelos do consumismo, ao mesmo tempo que explora novos contextos para verbos como folhear, apontar e coçar. Texto publicado em 14 de dezembro de 2021, no jornal Público.

Natal
De adjetivo a nome próprio

Da origem da palavra Natal à sua transcategorização de adjetivo para nome próprio: sobre estes temas trata a crónica da professora Carla Marques, no programa Páginas de Português, da Antena 2, do dia 12 de dezembro de 2021.

Os cinco grandes mitos natalícios <br>da língua portuguesa
Desvios à norma em tempo festivo

Sobre o plural de bolo-rei, relembra a professora Sandra Duarte Tavares que «neste composto, ambos os nomes vão para o plural» e, portanto, deve dizer-se bolos-reis. Este e outros quatro desvios em relação à norma-padrão, no uso de palavras alusivas ao Natal, preenchem este apontamento que a autora publicou na versão digital da revista Visão, em 8 de dezembro de 2021.