1. No âmbito do debate sobre o futuro aeroporto de Lisboa, que ocorreu no dia 17 de maio, o deputado André Ventura proferiu afirmações relacionadas com o povo turco que foram sentidas como injuriosas pelos diferentes partidos da Assembleia da República, mas que não motivaram uma advertência por parte do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, por considerar que se tratava de uma situação de liberdade de expressão. A sua posição foi justificada com a afirmação que o deputado «tem liberdade de expressão para se exprimir». Esta construção poderá ser considerada um pleonasmo por ser redundante no uso de palavras que têm o mesmo significado, se se considerar que o sentido de «liberdade de expressão» corresponde à liberdade total para proferir toda e qualquer afirmação, mesmo injuriosa ou boçal. No entanto, a expressão poderá não ser sentida como pleonástica se o conceito de «liberdade de expressão» não contemplar tipos de expressão ligados à linguagem xenófoba ou discriminatória. Este é um debate que mobiliza a sociedade portuguesa e que conta com manifestações de opinião oriundas de diferentes áreas: do direito à política, da sociologia à linguística. Neste quadro, partilhamos, com a devida vénia, o artigo da professora e linguista Margarita Correia, no qual esta se posiciona criticamente perante a atitude de Aguiar-Branco.
O Ciberdúvidas disponibiliza diversos textos sobre questões relacionadas com o pleonasmo: «Pleonasmo e informatividade», «Pleonasmo», «Sobre os pleonasmos viciosos», «Pleonasmo: «sair de lá» vs. «sair para fora»».
2. A conjunção mas pode ser usada com diversos valores que vão além do contraste. A frase «você pode sair à noite, mas não vá a nenhuma boate» ilustra um caso de uso com valor de restrição, conforme se explica na resposta que integra a atualização do Consultório. Poderão igualmente ser consultadas respostas que abordam os seguintes aspetos: a construção «vir de» com infinitivo; tipos de predicado; a construção «servir de» com infinitivo; a função da locução «ao que»; recurso expressivos em versos de Almeida Garrett; a forma tónica dos pronomes pessoais oblíquos; o significado e uso da locução «no imediato»; e meios sintáticos de expressão da comparação.
3. Oxalá deve ser acompanhado de que a introduzir uma oração? Partindo do contraste entre as frases «Oxalá não chova!» e «Oxalá que não chova!», a professora Carla Marques trata a etimologia e a sintaxe da palavra oxalá.
4. Na Montra de Livros, divulgamos a publicação A estandarización das linguas da Península Ibérica, organizada por Henrique Monteagudo, que conta com a colaboração de inúmeros especialistas.
5. A problemática em torno do Acordo Ortográfico de 90 (AO90) é retomada pelo jornalista Nuno Pacheco, a propósito das afirmações do deputado angolano Paulo de Carvalho, presidente da Comissão de Língua, Educação, Ciência e Cultura da Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) (artigo de opinião divulgado no jornal Público e aqui partilhado com a devida vénia).
6. Destacamos os seguintes eventos:
– A exposição Eduardo PESSOA Lourenço, montada a partir da biblioteca pessoana de Eduardo Lourenço, patente na Sala de São Pedro (2.º piso da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra) até 30 de julho.
– Simpósio Internacional Teatro e Ditadura no Séc. XX: Contextos Ibéricos, a decorrer nos dias 30 e 31 de maio, na Universidade da Corunha, via plataforma Teams.