Como já tem sido observado noutras respostas, nem sempre é possível emitir juízos sobre a gramaticalidade de usos do passado, porque o funcionamento pretérito da língua pode ser diverso do funcionamento contemporâneo.
Mesmo assim, o exemplo em questão é interpretável à luz da contemporaneidade, como construção de valor aspetual perfetivo, que é próxima de acabar + infinitivo e conjuga o valor locativo de onde com a noção de origem do movimento associada ao verbo vir . Esta construção, que alguns puristas consideravam galicismo, encontra-se no português século XVI, portanto, antes de o impacto da língua francesa se ter feito sentir:
(1) «Ficai aqui com esta gente, e não façais muito rumor, que eu quero ir ver o que este viu, que me parece sonho, porque ele vem de dormir debaixo do pé de ûa árvore.» [João de Barros, Décadas (Década Terceira, livros I-X), in Corpus do Português].
Sobre esta construção lê-se no Dicionário Houaiss:
«[...] seguido de gerúndio ou de a ou de + infinitivo, funciona como verbo auxiliar, exprimindo "ocorrência de ação" (aspecto incoativo) [...]: a tardinha vinha caindo; a afta veio a formar-se depois que feri a gengiva; e se ele vier a procurá-la de novo?; Laura vinha exatamente de se desfazer daquelas roupas [...].»
Esta construção permite, por conseguinte, exprimir uma ação recém-terminada, construindo-a metaforicamente como saída de um lugar e regresso a outro, onde decorre a situação de comunicação («ele vem para aqui, donde eu falo»).
Importa também observar que o texto bíblico traduzido por João Ferreira de Almeida tem passado por várias versões ao longo da história (a publicação da tradução do Novo Testamento data de 1681). A tradução completa da Bíblia que leva o nome deste autor é muito posterior à morte dele e data de 1819.