1. Foi em 2 de março de 2020 que foram confirmados os dois primeiros casos de pessoas infetadas em Portugal. Num ano, os números subiram para cerca de 80 500 pessoas infetadas, tendo já falecido mais de 16 000 doentes (Cf. Relatório DGS). A chegada do coronavírus trouxe mudanças profundas a vários domínios da sociedade, situação a que o léxico não ficou indiferente. Novas palavras e expressões passaram a integrar os textos quotidianos dos falantes: coronavírus, covid, confinamento, «estado de emergência», entre outras tantas. Um ano depois, a situação evoluiu, mas ainda não se encontra resolvida. O desconhecido e a incerteza em tantas frentes – desde as medidas restritivas da mobilidade social tomadas para travar a transmissão do vírus e as suas sequelas até ao facto de 80% das infeções em Portugal terem ainda origem desconhecida* — fica bem patente na entrevista da ministra da Saúde Marta Temido, concedida à Antena 1.
2. É dessa realidade multifacetada e das suas manifestações na língua que o glossário A covid-19 na língua vai deixando registo para memória futura da dinâmica lexical de um período muito particular da história. Desta feita, assinala-se a entrada dos seguintes 16 novos termos: Adriano Maranhão, amostras de saliva, «animais errantes», «apartheid informal», «Burguesia do teletrabalho», colapso, «comércio essencial», «cuidados paliativos», «desconfinamento em segurança», «desconfinamento informal», dose, «2 de março», «mitigação», PRR, resiliência e «vacinação VIP».
3. A designação da nova época geológica e cultural em que se terá chegado até nós o em meados do século XX dá matéria na rubrica Consultório a uma questão sobre o nome adequado para a designar: antropoceno ou antropocénio? Noutra resposta analisa-se a possibilidade de o nome natureza se ter formado a partir de "naturaleza". Do ponto de vista da classe de palavras, identifica-se a subclasse do verbo sentir-se e a possibilidade de o advérbio aí ter um valor temporal. Por fim, indicam-se valores que poderão estar associados a dois tempos do conjuntivo, o futuro simples e o futuro composto (perfeito) e apresenta-se uma resposta sobre a presença do r retroflexo em Portugal.
4. A eutanásia foi a palavra que serviu como ponto de partida para a crónica apresentada pela professora Carla Marques no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 28 de fevereiro de 2021, a qual pode ser recordada aqui.
5. A pronúncia afetada, à inglesa, do nome próprio Camp Nou, designação do estádio da cidade de Barcelona, motiva a reflexão crítica do jornalista português João Alferes Gonçalves, num pequeno apontamento disponível na rubrica Pelourinho – um caso mais da pandemia anglófona, recorrente no audiovisual português.
6. As palavras mais pesquisadas no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, durante o mês de janeiro de 2020, foram ontem divulgadas, tendo revelado que o novo confinamento, as medidas associadas à pandemia e a onda de frio determinaram as áreas da curiosidade lexical do portugueses, como fica patente nas palavras postigo, colapso ou profilático (notícia aqui).
7. A covid tem aberto muitas batalhas e exigido esforços acrescidos a diferentes classes profissionais, entre as quais se destaca o pessoal de saúde. No entanto, a classe dos professores, com a sua ação e os seus esforços, também não deve ficar esquecida nesta pandemia, porque o ensino continuou a ter lugar apesar de todas as vicissitudes, graças à disponibilidade, força e coragem dos professores, o que nos é recordado neste artigo do professor Dinis Rebelo (texto divulgado no jornal Público e aqui transcrito com a devida vénia).
8. A professora e colaboradora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques promoveu, em 1 de março, um webinário dedicado à oralidade, que poderá ser (re)visto aqui.
9. Palavras Cruzadas, da autoria e apresentacão de Dalila Carvalho, é um novo programa diário na Antena 2, que se recomenda vivamente. Iniciado em janeiro p.p, reflete sobre as palavras do dia a dia, em conversa com um convidado especializado no tema em foco em cada semana de emissão. Por exemplo: Faça o favor de dizer se tem uma neoplasia maligna ativa ; Velho, Idoso, Sénior ou Maior?; Arrasar; O que faz de um texto uma boa letra para uma canção?; Há palavras de direita e de esquerda?; Os números também mentem?; Expressões psiquiátricas; Mister (Porque é que os treinadores de futebol são Mister? E as secretárias agora são assistentes? E os vendedores de imóveis são consultores? E os fotógrafos do jornal são repórteres fotográficos?);Títulos Profissionais (Como resolver de forma airosa o uso inadequado dos títulos profissionais?); Tratamento por tu e por você?; Esposa ou mulher?; ou Com os melhores cumprimentos. Emite de segunda a sexta-feira, às 9h55 e às 18h20 – ficando permanentemente disponível, em arquivo, depois, na RTP Play
10. No âmbito das notícias de relevo, destaque para as seguintes
— A formação de professores "A Europa na Escola", ação de curta duração com inscrições abertas até 22 de março.
— O projeto de mentorado desenvolvido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que apoia o estudo dos alunos mais desprotegidos, durante o período de confinamento.
— A criação da plataforma Book it, por parte de um grupo de ex-alunos da Universidade de Aveiro, com o objetivo de rentabilizar o uso e a leitura de livros usados;
— O projeto «Conta Comigo: Leitura à distância de uma chamada», que permite aos colaboradores da biblioteca de Baião a ler histórias às pessoas mais idosas, via telefone.
11. Assinalam-se neste dia os 45 anos da independência de Marrocos, pretexto para se recordar alguns textos disponíveis no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: «Marrocos, Marráquexe e Marraquexe», «Rabat e Rebate (Marrocos)», «O aportuguesamento Melilla (enclave espanhol em Marrocos)», «O berbere, o latim e os dialetos berberes africanos», «Fonemas portugueses de origem árabe», «O artigo em topónimos estrangeiros», «Não, o inglês não basta», «A volta dos gentílicos (ou adjetivos pátrios)» e «Para Marrocos» ou «Para o Marrocos».