1. 21 de junho marca o dia do solstício de verão no hemisfério norte. O início do verão é marcado pelo dia mais longo do ano acompanhado da noite mais curta. O próprio termo solstício lembra este facto: com origem no termo latino solstitium, resulta da combinação de sol com stitium (forma oriunda do verso sistere, "que não se mexe"). A palavra significa, assim, à letra, "sol parado", o que lhe permite designar o dia em que o sol permanece mais tempo acima da linha do horizonte. A propósito de etimologia, recorde-se ainda que a palavra verão, oriunda do latim vernum ("tempo primaveril"), designava, em latim, a estação da primavera, sendo originalmente o atual verão designado de estio, como se pode ler no apontamento «A primavera e as estações do ano» e também na crónica do tradutor e professor universitário Marco Neves dedica à palavra.
Cf. a este propósito, leia-se ainda «O processo de formação de solstício» e «Solstício».
Primeira imagem: nascimento do sol em Stonehenge. Neste dia, o sol nasce alinhado com o centro da pedra principal.
2. A construção «um pacote de» deve ser seguida de um nome no singular ou no plural? Esta é a pergunta que abre a atualização do Consultório, convocando a noção de nomes contáveis e não contáveis. Leiam-se igualmente as respostas sobre a presença do nome Vladimir na onomástica portuguesa, o uso correto do adjetivo intocável e a tradução do termo inglês timer. Para terminar, duas questões de âmbito sintático-semântico: uma relacionada com as condicionais de enunciação e outra com a análise da oração relativa presente em «memórias de quem se emociona».
3. Partilhamos, com a devida vénia, três textos relacionados com usos de palavras ou expressões em língua portuguesa:
♦ O desgaste do significado de algumas palavras pode estar associado ao seu uso indiscriminado em situações em que habitualmente esta não se aplicaria. É o que parece estar a acontecer à palavra génio, que, segundo o jornalista Vítor Belanciano, se seleciona para descrever pessoas que não revelam qualquer traço de genialidade;
♦ As possibilidades de resposta a um "obrigado" levam o cronista Miguel Esteves Cardoso a uma viagem pelas soluções que a língua foi construindo;
♦ O significado de 37 termos da linguagem inclusiva motiva a reflexão da advogada Carmo Afonso em torno desta proposta que procura ultrapassar os limites da gramática tradicional.
4. A língua francesa tem um acento fixo e evoluiu foneticamente no sentido da erosão dos sons consonânticos, afastando-se, em muitos casos, da sua grafia. Este aspeto abre espaço a ambiguidades que permitem jogos e trocadilhos, como o comprova o tradutor e professor Vítor Santos Lindgaard no apontamento aqui transcrito com a devida vénia.
1. Enquanto a covid-19 se mantém, pelo menos, em Portugal, e a guerra na Ucrânia não tem trégua, a atualidade dá destaque às eleições na França, onde, em 19 de junho, tem lugar a 2.ª volta das eleições legislativas, disputada entre a coligação Nupes, apoiante de Jean-Luc Mélenchon, e a Ensemble!, da linha política do presidente francês Emmanuel Macron. Neste contexto, fala-se em macronismo*, neologismo que já circula mediaticamente em Portugal – ver, por exemplo, "O macronismo, esse gigantesco bluff", artigo do historiador Manuel Loff, no jornal Público (14/06/2022). Recorde-se a propósito que a relação com o francês foi muito forte do século XIX até meados do século XX, como, sobre os estrangeirismos na língua portuguesa, assinala o filólogo Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989) na obra Estilística da Língua Portuguesa. No Ciberdúvidas, nas respostas e artigos em arquivo, ainda se faz eco dessa preocupação, embora muitos termos franceses se tenham entretanto enraizado, como são os casos referidos em "Detalhe: 'horrível galicismo'?, "O galicismo plafom", "Comprometer, um antigo galicismo" ou "Sobre o galicismo etapa". Vide, igualmente, o apontamento "À volta da cassete e dos empréstimos".
* Da mesma famíla: macronistas.
Na imagem, o Arco do Triunfo, em Paris (Unsplash, 17/06/2022).
Também em 19 de junho, têm relevo ainda as eleições na região autonómica da Andaluzia e as eleições presidenciais na Colômbia. Sobre a Andaluzia, consultem-se: "Al Andalus e Andaluz", "O termo flamenco”, "Topónimos de origem árabe", "Os 48 gentílicos de Espanha", "O aportuguesamento dos nomes das províncias espanholas" e "Trafalgar". No que toca à Colômbia, sugere-se a leitura de "Dos Açores à Colômbia", "O topónimo Antioquia, Colômbia", "O artigo definido e o nome dos países" e "Os países neolatinos".
2. Nos estudos linguísticos são recorrentes os termos variação, variedade e variante. Que significam ao certo? A resposta encontra-se no Consultório, juntando-se a outras seis a respeito dos seguintes tópicos: o termo circunglobal, a expressão interrogativa «a que título?», a sintaxe dos verbos agarrar e tocar, a diferença entre igualdade e equidade e a modalidade epistémica.
3. «A rir se castigam os costumes» é uma das traduções da máxima latina «ridendo castigat mores», sempre tão citada no estudo escolar da obra de Gil Vicente. Na rubrica Literatura, três autos vicentinos e os seus efeitos de cómico são pretexto para uma reflexão da professora Lúcia Vaz Pedro.
4. «Tenho encontrado inúmeros problemas relacionados tanto com a concordância nominal como com a concordância verbal», declara Inês Gama num apontamento em Ensino, no qual se aborda o tratamento da concordância no ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE).
5. Em O Nosso idioma fica disponível o documentário Além de Nós, da autoria da jornalista Anabela Saint-Maurice, emitido originariamente na RTP 1 em dezembro 2009, à volta da importância estratégica da língua portuguesa em Macau, em Xangai, na pequena cidade brasileira de Redenção e no Namibe (sul de Angola). E, na rubrica Diversidades transcreve-se um artigo publicado na revista de divulgação científica Horizon, sobre a investigação da surpreendente relação da faculdade da linguagem humana com o comportamento vocal dos símios.
6. O alfabeto latino é hoje hegemónico, mas uma viagem até à Geórgia revela uma surpreendente diversidade de sistemas de escrita, como conta o tradutor Vítor Santos Lindgaard em texto incluído no blogue Travessa do Fala-Só e também disponível em Diversidades.
7. A criação literária dos Açores volta a ser objeto de divulgação em 17/06/2022, pelas 18h00, na livraria Letras Lavadas, com o lançamento da Nova Antologia de Autores Açorianos, publicação coordenada por Helena Chrystello, membro fundador da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (ver Notícias).
8. Numa iniciativa do Laboratório de Competências Transversais e do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, realiza-se em 12 de julho de 2022 a oficina "Emoção e criatividade através da escrita criativa". Trata-se de uma formação destinada à comunidade do ISCTE-IUL, da responsabilidade da professora Lúcia Vaz Pedro.
9. Conteúdos de três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica à língua comum:
♦ A descoberta do manuscrito da Clavis Prophetarum do Padre António Vieira, em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 17/06/2022, 13h20*).
♦ As relações entre o português europeu e o português do Brasil, em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 19/06/2022, 12h30*), programa que inclui ainda a crónica da linguista Edleise Mendes (Universidade Federal da Bahia).
♦ Os termos «combustíveis fósseis», «transição energética», descarbonização, entre outros da linguagem da energia, nas emissões de 20 a 24 de junho de Palavras Cruzadas, programa da Antena 2 realizado por Dalila Carvalho (segunda sexta, às 09h50 e 18h50).
*Hora oficial de Portugal continental.
1. 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi também um dia em que a língua portuguesa foi evocada. O professor universitário e constitucionalista Jorge Miranda, escolhido pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão organizadora das comemorações relacionadas com a data, centrou o seu discurso em Portugal. A um conjunto de motivos de júbilo relacionados com episódios da História de Portugal, Jorge Miranda acrescentou alguns motivos de desgosto. No seu discurso, referiu a mágoa pelos "atropelos" que a língua tem sofrido nas mãos de muitos e apontou os constantes erros de sintaxe presentes em textos da comunicação social. Criticou igualmente o crescente domínio do inglês, tornado «língua franca universal», com consequências no mundo empresarial mas também no próprio sistema de ensino, com a criação de escolas bilingues. Jorge Miranda deixou-nos, com o seu discurso, um conjunto de motivos para refletir sobre o rumo que deverá tomar esta língua que nos une e que nos dá identidade.
Anteriores intevenções de Jorge Miranda sobre a língua portugues: Brevíssimas notas sobre três questões sérias + Outro direito fundamental em risco: o direito à língua
2. A covid-19 na língua regista, desta feita, a entrada menstruação, assinalando uma das possíveis sequelas da doença entre as mulheres.
3. Ao Consultório chegam-nos questões relacionadas com temas muito diversificados. Começamos por destacar o significado da forma ur-livro, usada no Livro do Desassossego, de Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa), a etimologia das formas húmido e úmido e a história dos plurais abdómenes, pólenes e gérmenes. Aborda-se ainda o problema da tradução de "esports" (nomeadamente para o português do Brasil) e a grafia de lápis. Por fim, justifica-se o uso da expressão «membro estagiário», procede-se à análise sintática de «sujeito a guincho» e «proibido estacionar» e identifica(m)-se o(s) ato(s) ilocutório(s) presente(s) numa frase complexa.
4. De Angola chegam-nos os neologismos "bambilar", "bambila" e "bambilador", formados, com intenções jocosas, a partir do nome do cantor de gospel, irmão Bambila, para fazer alusão a um caráter adulador ou bajulador, como nos conta José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, neste seu apontamento.
5. No dia 10 de junho foi divulgado um documento no qual se defende a criação de um «novo ministério da diáspora e da língua portuguesa». Estranho é que este texto, que assume a defesa da língua portuguesa, receba um título em inglês (!?): «Portugal: potência mundial do soft power». Uma situação que dá matéria para um texto da autoria do jornalista e poeta Luís Carlos Patraquim, disponível no Pelourinho.
6. Partilhamos, com a devida vénia, diversos artigos relacionados com a língua e o ensino:
— A crónica que a professora universitária Margarita Correia dedica ao topónimo Chéquia;
— Dois textos que abordam a questão do racismo na língua, na sociedade e na política: um primeiro da advogada Carmo Afonso e um segundo da socióloga Cristina Roldão;
— A crónica do professor universitário e tradutor Marco Neves, que trata da questão da morte das línguas;
— Um artigo sobre aspetos relacionados com a preparação física e mental para os exames nacionais, que se avizinham em Portugal, da autoria da jornalista Júlia Maciel.
7. A 18 de junho terá lugar a IV Jornada de Lhéngua i Cultura Mirandesa (programa aqui).
1. A mudança de nome por parte de um país não é uma situação incomum. A mais recente alteração ocorreu na Turquia, que passou a designar-se Türkiye, nome reconhecido pelas Nações Unidas desde 1 de junho do presente ano. Note-se, porém, que, para a língua portuguesa, não se verifica qualquer alteração. Esta mudança está associada a uma estratégia que visa aumentar o valor da marca do país, que ao mesmo tempo procura afastar-se da associação ao nome peru (turkey em inglês), que prejudica a imagem que se pretende construir da Turquia. Vários outros países, ao longo da história, têm optado pela mudança de nome: o atual Sri Lanca deixou de se chamar Ceilão em 1935; em 1939, o Sião alterou o seu nome para Tailândia; em 1980, a Rodésia passou a chamar-se Zimbabué; em 1984, a República do Alto Volta mudou para Burquina Faso, que na língua nativa quer dizer «terra de homens íntegros»; em 2016, a República Checa adotou um nome simplificado – Chéquia, em português¹ –, mantendo-se, porém, o nome oficial mais extenso, República Checa (ver Código de Redação para as instituições europeias); em 2018, a então Suazilândia passou denominar-se Reino dos Suazis (eSwatini/Essuatíni, que, na língua local, significa «terra dos suázis»); em 2019, a Macedónia recebeu o nome de Macedónia do Norte; em 2020, a Holanda passou a ser conhecida como Países Baixos. E há, ainda, a decisão do governo da República de Cabo Verde, em 2013, para o nome do país deixar de ser traduzido na correspondência oficial em língua estrangeira (Cape Verde, em inglês, e Cap-Vert, em francês), prevalecendo, desde então, sempre, a denominação em português, Cabo Verde.
Esta é também uma oportunidade para recordar os gentílicos relacionados com os países que alteraram as suas designações. Assim, os habitantes da Turquia são conhecidos como turcos; os do Sri Lanca como cingaleses; os da Tailândia são os tailandeses; os do Zimbabué designam-se zimbabuenses ou zimbabuanos; os da Chéquia ¹ continuam a denominar-se checos; os da Macedónia do Norte são macedónios; os dos Países Baixos são os neerlandeses.
¹ Cf. Chéquia e o sururu toponímico da atualidade + Quem inventou o nome «Chéquia»?
2. A covid-19 potenciou a interação em espaços virtuais, desde as reuniões em diferentes plataformas às compras virtuais, não esquecendo as aulas à distância. Esta é a realidade referida pela palavra metaverso, que surgiu pela primeira vez em 1992 num romance do escritor Neal Stephenson e que agora passa a integrar a rubrica A covid-19 na Língua. Uma outra nova entrada regista a forte recomendação para o uso da máscara nos megafestejos dos santos populares em Lisboa e no Porto.
3. Ao Consultório, chega-nos uma questão relacionada com as preposições que o coloquialismo pachorra poderá reger. Divulgam-se ainda respostas relacionadas com as formas «a teu gosto» e «ao teu gosto», com a expressão «conversa de bastidores» e com a tradução da palavra inglesa coethnic. Para terminar, a questão dos usos do infinitivo em frases complexas.
4. A homofonia entre sanção e Sansão pode gerar problemas ortográficos. Não obstante, estamos perante duas palavras que, em nada, se aparentam, exceto, claro, nas sonoridades, como explica a professora Carla Marques na sua crónica.
5. As diferenças entre «assédio sexual» e «assédio moral» são retomadas pela professora universitária e linguista Margarita Correia para explorar o tema do ponto de vista da etimologia do verbo assediar e do ponto de vista do tratamento jurídico da questão (crónica aqui partilhada com a devida vénia).
6. O recurso a construções como «viu nada» leva o professor e tradutor Vítor Santos Lindgaard a recordar que, em português, deve existir sempre uma negação antes do verbo (apontamento do autor aqui transcrito com a devida vénia).
7. Na rubrica Literatura, partilhamos, com a devida vénia, o texto do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa dedicado à exposição A oficina de Saramago, a decorrer na Biblioteca Nacional, em Portugal.
8. Em França, Michel Feltin-Palas, chefe da redação de L'Express, questiona-se sobre a possibilidade de as línguas regionais virem a ser incluídas nos curricula escolares, à semelhança do acontece noutro países (artigo transcrito e traduzido com a devida vénia).
9. Entre os eventos relacionados com a língua, destaque para os seguintes:
— Peça de teatro Outra Língua, a decorrer no Teatro Nacional D. Maria II, até 12 de junho (mais informações);
— LINGUA, Festival Internacional de Teatro em Línguas Minoritárias, a decorrer em Barcelos, entre 10 e 12 de junho (mais informações);
— EMDA9, Encontros Mensais sobre Discurso Académico, com a presença da professora brasileira Vera Lúcia Lopes Cristóvão, que abordará a questão dos letramentos académico-científicos (sessão dia 8 de junho, entre as 18h e as 19h30, em sala Zoom).
*Na próxima sexta-feira, dia 10 de junho, não haverá abertura por ser o feriado do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Regressaremos no dia 14 de junho e até lá ficamos com a estância que Camões dedicou à pátria portuguesa:
«Esta é a ditosa pátria minha amada,À qual se o Céu me dá que eu sem perigoTorne, com esta empresa já acabada,Acabe-se esta luz ali comigo.Esta foi Lusitânia, derivadaDe Luso, ou Lisa, que de Baco antigoFilhos foram, parece, ou companheiros,E nela então os Íncolas primeiros.»(Os Lusíadas, Canto III)
1. Se a guerra da Ucrânia já vai em 100 dias, também o SARS-CoV-2 não dá tréguas. Contudo, um estudo da OMS revela que as pessoas que se vacinaram contra o vírus e, mesmo assim, contraíram a doença, têm maior proteção do que as restantes. Fala-se, portanto, de «imunização híbrida», expressão que significa «imunidade a qualquer doença conferida simultaneamente pela infeção e pela vacinação» e que se regista como nova entrada na rubrica A covid-19 na língua.
2. Geralmente, o grau comparativo de superioridade de grande é maior. E o de inferioridade será «menos grande»? Uma das novas respostas do Consultório revela que a semântica do adjetivo grande impõe restrições ao seu uso no grau comparativo de inferioridade. Na presente atualização, abordam-se ainda os seguintes tópicos: um caso de frase identificadora; o valor das formas sintética e analítica do superlativo absoluto; o adjetivo apessoal; o significado de três termos dos estudos de genética e da bioinformática; as orações condicionais de enunciação; a expressão «de gabinete» e outras equivalentes;
3. Na rubrica Literatura, a professora Lúcia Vaz Pedro dedica um apontamento à Crónica de D. João I, de Fernão Lopes (1380-1389-1459), para sublinhar a lição que este mestre do português tardomedieval ainda ensina na atualidade.
4. Em O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, a reflexão crítica (blogue Certas Palavras, 21/04/2021) que o professor universitário e tradutor Marco Neves dedicou à crença segundo a qual se escreve muito mal atualmente.
5. Em Diversidades, traduz-se um artigo publicado no jornal espanhol Diario 16 em 29 de maio, a respeito da falta de competências culturais e enciclopédicas dos jovens que ingressam nas universidades espanholas. Na mesma rubrica, divulga-se o registo vídeo da conversa que Leonardo Coelho, guia turístico e professor de PLE, teve com Eduardo Maragoto, presidente da Associação Galega da Língua (AGAL), que explica como é falar à galega.
6. Com a situação de conflito no leste europeu, aumenta a pressão dos refugiados nos países mais a ocidente, incluindo Portugal. A estas pessoas somam-se outras, refugiadas ou migrantes, de diferentes paragens, para as quais é necessária uma estrutura de apoio e inserção, tornando a aprendizagem da língua portuguesa uma tarefa urgente. É neste contexto que, em Portugal, se realiza no dia 8 de junho de 2022 um seminário virtual (webinar) com o tema "Português Língua de Acolhimento: Balanço, Conquistas e Desafios" e promovido pelo Alto Comissariado para as Migrações. Esta iniciativa, que tem lugar na sequência das comemorações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, visa efetuar um balanço da concretização, desenvolvimento e resultados dos cursos de Português Língua de Acolhimento (PLA), criados pela Portaria n.º 183/2020, de 5 de agosto, considerando os desafios futuros (consultar o programa aqui). São cursos que se «destinam a adultos, com idade igual ou superior a 18 anos, cuja língua materna não é a língua portuguesa e/ou que não detenham competências básicas, intermédias ou avançadas em língua portuguesa, de acordo com o Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECRL)» (Catálogo Nacional de Qualificações, in Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional – ANQEP).
7. Relativamente a três dos programas da rádio pública de Portugal que versam sobre temas da língua portuguesa:
♦ Em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 03/06/2022,13h20*), participa o tradutor e professor universitário Marco Neves, para falar sobre o seu novo livro intitulado Português de A a Z – Armadilhas e Maravilhas da Língua.
♦ Em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 05/06/2022, 12h30*), entrevista-se o Ministro da Educação, o linguista João Costa, acerca do impacto das interrupções letivas em Portugal, devido aos confinamentos em pandemia, em especial no tocante à disciplina de Português e aos resultados das provas de aferição. O programa inclui ainda a crónica da professora Carla Marques, a respeito da homofonia entre sanção, com ç, e Sansão, com s.
♦ Registo ainda para Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. No ano em que o Ciberdúvidas completa 25 anos de existência, EntreCampus, a revista de investigação do ISCTE, entrevista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Uma conversa sobre a história e a missão do projeto, que não esquece a evolução das perspetivas sobre a língua que tem vindo a incluir, a relação com o Acordo Ortográfico de 90 e a integração no ISCTE: um conjunto de ideias-chave que contribuem para a definição do papel que o Ciberdúvidas pode (e gostaria de) assumir no futuro no campo de defesa da língua portuguesa, sem esquecer a necessidade de modernização tecnológica do espaço virtual onde o Ciberdúvidas faz a divulgação dos seus conteúdos e é acompanhado pelos seus leitores e consulentes (entrevista completa).
2. Quando nos dirigimos a um grupo formado por pessoas de diferentes sexos, qual a expressão a usar: «meus caros» ou «minhas caras»? A primeira resposta desta nova atualização do Consultório aborda o tema tanto numa perspetiva normativista como considerando as mais recentes opções de respeito pelo género na língua. Várias respostas incluídas nesta atualização tratam questões de âmbito lexical: as relações entre os verbos alargar e alongar, a utilização preferencial de candidatar-se face ao uso de aplicar e a ausência de registo dicionarístico do termo "biandria", cuja ideia poderá ser referida pela palavra bigamia. Para terminar, propõem-se duas análises para o enunciado «Palavra que vi moço» e aborda-se a questão da origem do topónimo Porto Pim (da ilha do Faial, nos Açores).
3. Na Montra de Livros, apresenta-se a obra Alpalhão. Palavras, falares e modos de dizer de uma vila do Alentejo, da autoria do médico-veterinário José Caldeira Martins. Uma publicação sobre a qual se afirma: «Elaborado por um não especialista, Alpalhão é exemplo meritório do que se pode fazer em muitas vilas e aldeias em matéria de valorização do património, apesar do despovoamento e, portanto, do risco de descontinuidade cultural. Descendentes de antigos alpalhoenses (ou alpalhoeiros) de gema, eventuais novos habitantes e o público em geral, todos ganham certamente com a consulta desta obra não só pelo que tem de inconfundivelmente local e diverso, mas também pelas afinidades que possa revelar com regiões diferentes, dentro do território de Portugal e até fora, em Espanha e mais além, já que Alpalhão é vila não longe da raia.»
4. Na rubrica Literatura, partilhamos, com a devida vénia, a entrevista que a escritora Paulina Chiziane, vencedora do Prémio Camões, edição de 2021, deu ao jornal Público, na qual fala da mudança que o prémio trouxe a si e à sua literatura. Um texto que mostra a mulher, a escritora, as suas causas e a relação com a língua portuguesa, que sempre usou, como afirma na primeira pessoa, «para negociar a minha essência como mulher, como negra, como africana».
5. A professora brasileira Edleise Mendes propõe que se reflita sobre o percurso formativo dos futuros professores de português, no contexto de uma sociedade em mudança, com exigências gradualmente mais complexas. Neste paradigma, uma formação que incida apenas nos domínios formais da língua sem considerar fatores sociais e culturais parece revelar-se cada vez mais desadequada (crónica divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2, e aqui partilhada com a devida vénia).
6. Na rubrica Controvérsias, a forma como a Europa e o mundo veem o conflito russo-ucraniano leva o professor e escritor António Jacinto Pascoal a expressar as suas dúvidas relativamente ao domínio de determinadas formas de perspetivar os fenómenos, que, não raro, parecem contaminadas por interesses de natureza económica (artigo partilhado com a devida vénia).
7. A professora universitária Margarita Correia vem, neste seu artigo, recordar as situações de injustiça laboral que permitem que cientistas portugueses trabalhem em universidades assegurando aulas a custo zero (divulgado no Jornal de Notícias e aqui partilhado com a devida vénia).
8. Foi descoberto na biblioteca da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, Clavis Prophetarum, o original do único livro escrito por Padre António Vieira, considerado perdido há muito. A responsável por este achado, a investigadora portuguesa Ana Travassos Valdez, está também a preparar uma edição crítica (notícia).
1. A atualidade é marcada por criações vocabulares recorrentes ou pela ativação de palavras que andavam menos presentes na comunicação social e no discurso quotidiano. Assim:
– Em referência à guerra da Ucrânia, putinófilo («adepto ou simpatizante do presidente russo Vladimir Putin» – ver "X, o ex-general putinófilo", Inconveniente, 04/04/2022) é composto morfológico formado por -filo, elemento muito produtivo, da mesma raiz que -filia («amor, simpatia por»), como acontece em russofilia. São antónimos russófobo e russofobia, construídos com os elementos -fobo e -fobia («aversão»), formantes de origem grega, tal como o que ocorre em russófono, «falante de russo», cujo elemento -fono é igualmente muito produtivo (lusófono, anglófono, francófono, hispanófono). Russófono figura reiteradamente na alusão ao conflito linguístico existente não só na Ucrânia mas também noutros países onde, durante o período soviético, cresceram as comunidades de falantes do russo.
– As notícias do massacre ocorrido numa escola em Uvalde, no Texas, trouxeram à ribalta um defeito de pronúncia do perpetrador: o ceceio, ou seja, «pronúncia das consoantes /s/ e /z/ como interdentais», nome derivado de cecear, «pronunciar as consoantes sibilantes surdas e sonoras/s/ e/z/ (p.ex. saia, vossa, açor, máximo, zimbro, mesa, exame), como interdentais, com a ponta da língua entre os dentes» (Dicionário Houaiss). Tanto ceceio como cecear têm origem no espanhol ceceo e cecear (ibidem; ver também o dicionário da Real Academia Espanhola), vocábulos também usados no registo de um traço característico dos dialetos da Andaluzia.
– Quanto à aprovação, em Espanha, da licença menstrual, agora também em debate público em Portugal, avulta, entre várias designações de patologias que causam menstruação dolorosa (ler "Licença menstrual: uma proposta a favor das mulheres ou contra a igualdade?", Público, em 19/05/2022), o termo endometriose, «afecção ginecológica caracterizada pela presença de fragmentos do endométrio fora de sua localização normal». Este convoca, portanto, outro, endométrio, que designa a «mucosa que recobre a face interna do útero» (Dicionário Houaiss) e que constitui um composto erudito formado pelos elementos de origem grega endo-, «no interior de», e por -métrio, «relativo ao útero» (ibidem).
2. Na rubrica A covid-19 na língua, cinco novas entradas: «doença recorrente», expressão empregada por epidemiologistas norte-americanos e motivada por se constatar a vulnerabilidade de uma mesma pessoa a várias reinfeções; miséria, palavra relativa às previsões da pior recessão em 30 anos nas 47 nações menos desenvolvidas do planeta; «ómicron silenciosa», forma como passou a ser conhecida a subvariante BA. 2, extremamente transmissível; «pesadelo prisional», referente à situação gravíssima de várias cadeias portuguesas, em consequência das restrições relacionadas com a covid-19; e «táticas sujas», acusação feita às multinacionais farmacêuticas pela organização não-governamental Oxfam, no relatório apresentado, em Davos, na Suíça, na reunião ocorrida no dia 25 de maio de 2022 do Fórum Económico Mundial.
3. Afeganistão: A Terra Ferida é o título de uma excelente minissérie televisiva sobre as últimas seis décadas de história do Afeganistão, assinalada no glossário O Afeganistão de A a Z.
4. Para formular ordens e pedidos, a língua dispõe do imperativo («fecha a porta, se fazes favor»), mas há outros recursos, como seja o infinitivo com valor de injunção, em casos como «por favor, fechar a porta». Este é um novo tópico do Consultório, cuja atualização inclui outros quatro: a formação do gentílico correspondente à cidade francesa de Dijon; o uso de havia em expressões temporais; a hifenização de cápsula em compostos; o encontro de verbos no conjuntivo com verbos no indicativo na mesma frase; e o sempre revisitado contraste semântico entre ser e estar.
5. Na rubrica Ensino, um apontamento de Inês Gama, sobre o ensino dos verbos ser e estar em Português como Língua Estrangeira (PLE), realça que «o acesso a materiais autênticos produzidos na língua alvo é extremamente importante, pois auxilia o aprendente a perceber e assimilar padrões linguísticos disponíveis na linguagem do quotidiano».
6. «O assédio na Universidade é de espectro largo e em alguns casos de assédio moral corresponde ao sentido da palavra no discurso militar, i. e., o que verdadeiramente o que se faz é cercar, sitiar» – afirma o professor universitário Carlos A. M. Gouveia, em artigo incluído no jornal Público em 23/05/2022 e transcrito com a devida vénia nas Controvérsias.
7. Acerca das emissões de três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica a temas de língua e gramática:
♦ Em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 27/05/2022, 13h20*), aborda-se o lançamento oficial do Dicionário do Português de Moçambique – DiPoMo, durante o colóquio "A Codificação do Português de Moçambique", organizado em 04/05/2022 pela Cátedra de Português como Língua Segunda e Estrangeira da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane (Maputo).
♦ A publicação da monumental obra Pessoa, uma Biografia, do estudioso luso-americano Richard Zenith, é tema central em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 29/05/2022, 12h30*).
♦ No programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 (de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*), o convidado das emissões de 30 de maio a 3 de junho é Jorge Braga de Macedo, professor jubilado de Economia na Universidade Nova e antigo ministro das Finanças (entre 1991 e 1993), para falar de economia e política.
*Hora oficial de Portugal continental.
1. A guerra na Ucrânia continua a ser descrita por meio de palavras que remetem para visões distintas do mesmo fenómeno. Os ucranianos afirmam que se encontram a resistir e a defender o seu país. Já o Kremlin contra-argumenta: foi o Governo ucraniano o primeiro a atacar minorias russófonas e a ameaçar a própria Rússia. Os verbos selecionados para referir estes acontecimentos de guerra descrevem os ucranianos ora como vítimas ora como agressores. E, do lado contrário, é também possível perspetivar a realidade de forma dúplice: serão os russos invasores ou protetores? A língua é permeável a esta subjetividade, e as escolhas linguísticas veiculam iodeologias e geoestratégias que devem ser cuidadosamente filtradas por quem recebe os enunciados que descrevem a guerra em curso, suscetíveis de veicular visões antagónicas e que podem facilmente contribuir para turvar a análise de quem está menos informado ou de quem não quer ver. A língua é também uma arma de guerra.
2. Em simultâneo, a língua vai também descrevendo a evolução da saúde mundial. Por um lado, refere-se aquela doença que teima em não dar tréguas, o que fica bem explícito na afirmação do diretor-geral da OMS: «A pandemia não vai desaparecer por magia». Ele mesmo aventou a possibilidade de o fim das restrições e o aumento das viagens explicarem o surto de uma nova pandemia que surge no horizonte: a «varíola dos macacos». Um pouco por todo o mundo, realizam-se estudos sobre as sequelas da covid-19 em diferentes áreas da atividade humana: um deles relaciona-se com a vida escolar (afetada) em Portugal e um outro sobre a participação em atos eleitorais em 26 países de cinco continentes, nomeadamente no quadro da abstenção. As expressões e a palavra sinalizadas constituem as quatro novas entradas em A covid-19 na Língua.
3. Na nova atualização do Consultório, as questões lexicais assumem uma posição de destaque: tratamos as diferenças entre abençoar e bendizer e também entre benevolência e bondade. Apresentamos, igualmente, respostas relacionadas com a correção de expressões como «e tal» com quantificadores ou «igual eu». Aborda-se ainda o uso da numeração romana em minúsculas em trabalhos e o único caso em que numa palavra surge uma vogal a fechada não seguida de consoante nasal. Por fim, uma explicação sobre os efeitos de sentidos associados ao uso do singular e do plural: «Lamentamos o transtorno ou os transtornos?»
4. A palavra metadado surge atualmente com muita frequência na comunicação social portuguesa devido ao chumbo da Lei dos Metadados pelo Tribunal Constitucional. Na sua crónica, divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2, a professora Carla Marques aborda a formação da palavra, a sua história e significados.
5. Partilhamos, com a devida vénia, três textos relacionados com a língua portuguesa:
— Uma crónica de Carmo Afonso, advogada e cronista, sobre a presença da homofobia na língua, a propósito da varíola dos macacos e dos preconceitos que a doença está a arrastar consigo;
— Um artigo de José Manuel Barata-Feyo, jornalista e provedor do jornal Público, onde ficam patentes vários problemas linguísticos apontados pelos leitores ao jornal, entre os quais a influência do inglês, que assume um grande peso;
— Uma carta dirigida ao jornal Público, na qual um leitor aponta um mau uso do presente do indicativo, uma análise que o Ciberdúvidas relativiza.
6. O Ciberdúvidas conta com uma nova rubrica: Literatura. Nela se inclui uma reflexão do escritor e colunista Eduardo Affonso sobre as diferenças entre dois géneros textuais: a crónica e o conto.
1. Assinalou-se, em 19 de maio, o 20.º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, onde, na mesma data, se realizou a tomada de posse de José Ramos Horta, como chefe de Estado do país, pela segunda vez. A cerimónia contou ainda com a presença do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Relativamente à real implantação do português no único país asiático que o tem como idioma nacional, registe-se a entrevista de José Ramos Horta à jornalista Rita Colaço, para a Antena 1, na qual se apontam insuficências por parte da cooperação portuguesa, nomeadamente no que respeita à escassez de professores. Nessas declarações, o Nobel da Paz de 1996 (conjuntamente com o bispo Ximenes Belo) refere que, 20 anos depois do fim da ocupação indonésia, cerca de 40% dos timorenses falam ou percebem português – no período colonial, a percentagem mal chegaria aos 1% –, embora a população comunique no já chamado "tetuguês", ou seja, o tétum-praça, uma variedade do tétum que tem uso corrente no país e é idioma oficial, a par do português.
Sobre este tema, escute-se ainda a peça, também da mesma jornalista da Antena 1, "Timor: a língua portuguesa era uma língua da resistência"; e, na RTP 1, vide a reportagem da autoria do jornalista Vítor Gonçalves, no programa Linha da Frente, "A Construção de um País". Vide, ainda o artigo 20 de Maio: o simbolismo de uma data, da autoria de Luísa Teotónio Pereira (in jornal Público, 19/05/2022).
Consultem-se igualmente alguns dos vários artigos e respostas disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "Timor, Timur" (1997), "Língua Portuguesa e Timor-Leste" (1999), "Timor Loro Sae" (1999), "Português e tétum continuam línguas oficiais de Timor-Leste" (2005), "A língua portuguesa na mais próspera nação do planeta" (2007), "Português, tétum ou tetuguês?" (2007)", "Português e tétum continuam línguas oficiais de Timor-Leste (2007), "'Presença portuguesa em Timor-Leste é uma farsa'" (2007), "Timor fala todas as línguas e nenhuma" (2008), "A língua portuguesa em Timor-Leste" (2008), "Timor-Leste: uma «ficção lusófona»?" (2008), "Timor-Leste, tétum, português, língua indonésia ou inglês?" (2012), "Timor e a língua portuguesa" (2016), "Questões do bom português e as políticas linguísticas de Timor-Leste" (2019), Identidade e resistência da Língua Portuguesa em Timor-Leste (2020), "O significado que um dicionário pode ter" (2020), "O português em Timor-Leste e Entre Textos" (2021). Na imagem, uma praia da ilha de Jaco, no extremo oriental de Timor-Leste.
2. Os números da pandemia voltam a disparar em Portugal, falando-se de uma «sexta vaga», enquanto a crise económica mundial decorrente da pandemia se agrava com a guerra na Ucrânia. Esta é a atualidade que transparece nas três novas entradas na rubrica A covid-19 na língua: «absentismo elevado», em referência ao impacto do novo surto de casos positivos de covid-19 registados em Portugal no mês de maio de 2022, situação que, segundo as confederações patronais, «ameaça colocar em causa a atividade das empresas»; «números assustadores», expressão do secretário-geral da ONU, António Guterres, que, numa reunião sobre segurança alimentar global realizada em Nova Iorque em 19/05/2022, alertou para o fortíssimo agravamento da fome em todo o mundo, numa conjuntura de mudanças climáticas, pandemia e desigualdade, amplificada pela guerra da Rússia na Ucrânia; e rastilho («sulco, cordão ou tubo cheio de pólvora ou outra substância incendiária para comunicar o fogo a qualquer coisa», Infopédia), vocábulo incluído num título do semanário Expresso – «"Rastilho para pegar fogo em palha seca”» –, que identifica a Queima das Fitas e os festejos do Futebol Clube do Porto como “motor[es] do aumento de casos” de covid-19 em Portugal, em maio de 2022.
3. Que diferença existe entre as locuções «pelo contrário» e «ao contrário»? Cervo e veado denotam o mesmo animal? Como identificar o predicativo do sujeito? O que é correto: «foram realizadas centenas de protestos» ou «foram realizados centenas de protestos»? Diz-se «o atleta que sagrou-se campeão», ou «que se sagrou campeão»? O que significa bagre? E a expressão «em Cristo», que sentido tem? São, portanto, sete as novas questões em linha no Consultório.
4. Nos últimos anos, o tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves tem-se distinguido em Portugal pelo seu trabalho de divulgação e pelos contributos dados para uma discussão lúcida de temas como a história da língua e a norma. Em Montra de Livros, apresenta-se o novo livro deste autor: Português de A a Z (Guerra & Paz, 2022).
5. Na rubrica Literatura, a professora Lúcia Vaz Pedro revisita as cantigas medievais galego-portuguesas, num apontamento intitulado "O desnudar da humanidade na poesia trovadoresca".
6. A recente publicação do Relatório de Felicidade Mundial 2022 (em inglês, World Hapiness Report 2022), elaborado pela ONU, levou o escritor José Luís Mendonça a uma reflexão sobre a realidade multilingue de Angola e os horizontes da política linguística neste país. O texto resultante encontra-se disponível na rubrica Lusofonias.
7. Cada país tem a sua história, e a do próprio vocábulo país revela como a noção associada foi no passado muito mais difusa do que hoje. Na presente atualização, o professor universitário e tradutor Marco Neves volta a marcar presença com um artigo acerca da história da palavra país, publicado em 19/05/2022 no blogue Certas Palavras e também transcrito com a devida vénia em O Nosso Idioma.
8. Em três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica a temas de língua e gramática, os temas centrais são:
♦ A variação e mudança nas variedades africanas do português de Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe, em Língua de Todos, transmitido pela RDP África (sexta-feira, 20/05/2022, 13h20*).
♦ O livro Português de A a Z , numa entrevista com o autor, Marco Neves, em Páginas de Português, emitido na Antena 2 (domingo, 22/05/2022, 12h30*).
♦ A contabilidade das empresas e as subtilezas da sua linguagem, de 23 a 27 de maio, no programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
*Hora oficial de Portugal continental.
1. O Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia assinala-se em 17 de maio e tem como objetivo nuclear contribuir para a consciencialização das violações dos direitos LGBTI. Este é um dia reconhecido e comemorado em mais de 130 países espalhados pelo mundo inteiro que continua a revelar-se importante porque ainda há locais que criminalizam as relações entre pessoas do mesmo género e ainda há regiões onde a violência contra gays, lésbicas e bissexuais é uma ameaça contínua. Continua, portanto, a ser fundamental a mudança de mentalidades para a construção de um mundo que aceite a diferença. No Ciberdúvidas, abordámos, desde a primeira hora, questões linguísticas relacionadas com o tema. Recordamos, por isso, algumas respostas que fazem parte do nosso acervo («Sobre a formação de homofóbico e homofobia», «Homossexual ou gay?», «Parada gay», «Casal “gay” ou par “gay”?») e esclarecimentos que foram dados sobre o significado e a grafia de siglas como LGBT, LGBTI, LGBTIQ, entre outras (aqui).
2. Entretanto, a covid-19 teima em não dar tréguas: o número de infeções continua a aumentar devido ao aparecimento de sublinhagens da variante ómicron muito infecciosas. Esta situação abre a porta ao regresso a algumas das medidas de contenção implementadas anteriormente. Continuamos, deste modo, atentos ao aparecimento de novas expressões / palavras relacionadas com a pandemia e registamos em A Covid-19 na Língua quatro novas entradas: H78Y, Ómicron XE, «Vírus recombinante» e XE. Também em O Afeganistão de A a Z tem lugar uma nova entrada que descreve a medida imposta pelo regime talibã sobre a obrigatoriedade do uso de véu absoluto pelas mulheres afegãs: «Regressão civilizacional».
3. Ao Consultório chega-nos uma dúvida relacionada com o uso de irradiado com o sentido de «afastado, expulso». Aqui se esclarece que se trata de um uso que se encontra atestado, embora não constitua uma opção que respeite o bom estilo. Apresentamos ainda perguntas relacionadas com o uso do infinitivo pessoal, com o significado da locução «ao abrigo de» ou com a correção da construção «sinto a falta». Por fim, um esclarecimento sobre a correção de expressões como «figura de prol» ou «figura de proa» e sobre a origem e significado de interlocado.
3. Na rubrica Ensino, Inês Gama passa em revista a classificação dos verbos em português, considerando subclasses, o seu comportamento sintático e valores que estes convocam.
4. O jornal digital brasileiro Nexo publica uma detalhada infografia sobre a origem indígena dos nomes de municípios brasileiros, revelando que, nesta área da toponímia, cerca de 37% dos nomes têm origem nas línguas dos povos originários, sendo que na região do Amazonas cerca de 73% dos nomes de municípios se enquadram nesta situação (aqui partilhado com a devida vénia).
5. Marco Neves, tradutor e professor universitário, publicou um conjunto de três artigos dedicados às línguas de Lisboa, desde a época anterior à nacionalidade até à atualidade. Partilhamos, com a devida vénia, o terceiro desses textos, desta feita dedicado ao período temporal entre o terramoto de 1755 e a atualidade.
6. Nas notícias relacionadas com a língua, registe-se o Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesas online 2022. Trata-se de um curso à distância que envolve seis instituições do ensino superior e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua. O curso é destinado a um púbico de não falantes de português como português língua materna, estando abertas inscrições para os diferentes níveis (A1 a C2) até 22 de maio.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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