1. A nova entrada em A covid-19 na língua tem uma configuração menos vulgar: molnupiravir. Assim se chama o medicamento, que, a confirmarem-se as expectativas, se tornaria o primeiro tratamento antiviral oral contra o vírus SARS-CoV-2. Trata-se de um produto da empresa farmacêutica norte-americana Merck, que foi buscar a sua denominação ao onomástico da mitologia nórdica – em Mjölnir, o martelo de Thor, deus do trovão, de modo a sugerir o efeito esmagador do medicamento sobre o coronavírus. Segundo os primeiros estudos anunciados, o medicamento é ministrado logo após a infeção, mas não substitui a vacinação.
Na imagem, O combate de Thor contra os Gigantes, quadro de 1872 do pintor sueco Mårten Eskil Winge (1825-1896).
2. A pandemia lança desafios, e nem todos os países «têm facilidade em enfrentá-los» – ou «têm facilidade em os enfrentar»? Este é mais um exemplo dos caprichos da colocação dos pronomes átonos na frase, tópico que é abordado na presente atualização do Consultório. Incluem-se igualmente outros pedidos de esclarecimento: porque não se deve usar «pelo o», mas, sim, «pelo» em «CR viajou pelo Brasil»? Como identificar o predicativo do sujeito em «ela está doente com gripe»? Diz-se «ele acarretou as culpas» ou «ele acarretou com as culpas»? O futuro do indicativo tem algum valor de incerteza? No português de Portugal, como se pronuncia o e do verbo arrestar?
3. «Ter macacos no sótão», ou seja, «ter medos infundados», é expressão recorrente, por exemplo, como chamada à realidade dirigida muito em especial a crianças receosas. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o livro Onde Moram os Teus Macaquinhos?, livro de Ana Markl, cuja escrita menos convencional desmistifica o sentido de várias expressões idiomáticas para entretenimento e tranquilidade dos jovens leitores.
4. De expressões idiomáticas e metáforas fala também a professora Carla Marques num apontamento intitulado "Cortar" e disponível em O Nosso idioma. Esta rubrica inclui ainda outro novo texto, da autoria de Carlos Rocha, a propósito de três nomes geográficos e de aspetos das suas histórias: Portugal, Canadá e Califórnia.
5. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa faz 25 anos, aniversário que é também pretexto para recordar o que era a Internet em 1996. Mais informação nas Notícias.
6. Registo dos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:
♦ O pleonasmo e o neologismo dão tema para a participação da professora Sandra Duarte Tavares em Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, 22 de outubro de 2021, pelas 13h20* (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).
♦ No contexto do Congresso Internacional Fernando Pessoa, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em 13 a 15 de outubro de 2021, convida-se o filósofo italiano António Cardiello (Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa) para falar da sua comunicação acerca dos textos pessoanos alusivos à língua portuguesa no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 24 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 29 de outubro, às 15h30*). Ainda no mesmo programa, intervém o professor António Sampaio da Nóvoa para assinalar o centenário da Seara Nova, destacar a marca indelével desta revista na vida cultural e política do século XX português e sublinhar o papel de António Sérgio (1883-1969). Finalmente, a crónica da professora Edleise Mendes sobre o estatuto do português no espaço da lusofonia: língua materna, segunda língua ou língua estrangeira?