1. 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi também um dia em que a língua portuguesa foi evocada. O professor universitário e constitucionalista Jorge Miranda, escolhido pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa para presidir à comissão organizadora das comemorações relacionadas com a data, centrou o seu discurso em Portugal. A um conjunto de motivos de júbilo relacionados com episódios da História de Portugal, Jorge Miranda acrescentou alguns motivos de desgosto. No seu discurso, referiu a mágoa pelos "atropelos" que a língua tem sofrido nas mãos de muitos e apontou os constantes erros de sintaxe presentes em textos da comunicação social. Criticou igualmente o crescente domínio do inglês, tornado «língua franca universal», com consequências no mundo empresarial mas também no próprio sistema de ensino, com a criação de escolas bilingues. Jorge Miranda deixou-nos, com o seu discurso, um conjunto de motivos para refletir sobre o rumo que deverá tomar esta língua que nos une e que nos dá identidade.
Anteriores intevenções de Jorge Miranda sobre a língua portugues: Brevíssimas notas sobre três questões sérias + Outro direito fundamental em risco: o direito à língua
2. A covid-19 na língua regista, desta feita, a entrada menstruação, assinalando uma das possíveis sequelas da doença entre as mulheres.
3. Ao Consultório chegam-nos questões relacionadas com temas muito diversificados. Começamos por destacar o significado da forma ur-livro, usada no Livro do Desassossego, de Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa), a etimologia das formas húmido e úmido e a história dos plurais abdómenes, pólenes e gérmenes. Aborda-se ainda o problema da tradução de "esports" (nomeadamente para o português do Brasil) e a grafia de lápis. Por fim, justifica-se o uso da expressão «membro estagiário», procede-se à análise sintática de «sujeito a guincho» e «proibido estacionar» e identifica(m)-se o(s) ato(s) ilocutório(s) presente(s) numa frase complexa.
4. De Angola chegam-nos os neologismos "bambilar", "bambila" e "bambilador", formados, com intenções jocosas, a partir do nome do cantor de gospel, irmão Bambila, para fazer alusão a um caráter adulador ou bajulador, como nos conta José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, neste seu apontamento.
5. No dia 10 de junho foi divulgado um documento no qual se defende a criação de um «novo ministério da diáspora e da língua portuguesa». Estranho é que este texto, que assume a defesa da língua portuguesa, receba um título em inglês (!?): «Portugal: potência mundial do soft power». Uma situação que dá matéria para um texto da autoria do jornalista e poeta Luís Carlos Patraquim, disponível no Pelourinho.
6. Partilhamos, com a devida vénia, diversos artigos relacionados com a língua e o ensino:
— A crónica que a professora universitária Margarita Correia dedica ao topónimo Chéquia;
— Dois textos que abordam a questão do racismo na língua, na sociedade e na política: um primeiro da advogada Carmo Afonso e um segundo da socióloga Cristina Roldão;
— A crónica do professor universitário e tradutor Marco Neves, que trata da questão da morte das línguas;
— Um artigo sobre aspetos relacionados com a preparação física e mental para os exames nacionais, que se avizinham em Portugal, da autoria da jornalista Júlia Maciel.
7. A 18 de junho terá lugar a IV Jornada de Lhéngua i Cultura Mirandesa (programa aqui).