Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Variedades linguísticas
Maria Luisa Salgado Professora Povoa de Varzim , Portugal 2K

Pretendo saber a origem da palavra "erbanços" usada em Trás-os-Montes/Galiza para nomear o grão-de-bico.

Helder Carvalho Professor Portugal 3K

Sei que não devemos dizer «ao nível de» quando pretendemos empregar o sentido de «no âmbito de».

Mas é correto dizer «A crise fez com que Portugal se atrasasse a todos os níveis»?

Nicolau Herédia Estudante Brasil 5K

Certa vez, Napoleão Mendes de Almeida, creio eu que no seu Dicionário de Questões Vernáculas, disse, do seu jeito prescritivista, que deveríamos ter bem clara a distinção entre «tenho que» e «tenho de». Segundo ele, frases como «ela afirmou que eu tinha que tomar mais cuidado» seriam mais bem formadas com o uso de «tenho de», ou seja, de forma correta escreveríamos e diríamos: «ela afirmou que eu tinha de tomar mais cuidado».

«Ter que» seria usado no sentido aqui discutido: «tenho mais que fazer».

Contudo, é fato que no Brasil quase todos dizem «tenho que fazer X» e, no caso de «tenho mais que fazer», — é o que me parece — dizem «tenho mais o que fazer».

No primeiro caso, acabamos, por coincidência ou não, convergindo no uso com o espanhol, idioma em que se diz «tengo que».

No entanto, no segundo, acabamos por criar algo próprio, ou seja, em vez de manter o «tenho mais que fazer», pusemos um o antes do que. (“Criando” porque me parece mais natural que a novidade seja nossa, já que em tanto no português europeu quanto no espanhol há a mesma forma, e a divergente é a construção brasileira.)

A pergunta é: como é que houve essa inovação no Brasil? Conseguem dar hipóteses? Terá sido uma questão fonética?

João Guilherme Pereira Gonçalves Professor Abadim, Portugal 2K

Usa-se na minha região (Cabeceiras de Basto) o termo "curgidades" para referir as novas culturas da horta (alface, pepino, cebola, pimentos, tomates, ...).

Não encontro a palavra no dicionário, nem uma origem/derivação que justifique de forma clara o seu uso.

Solicito e agradeço, desde já, a sua opinião.

 

Lucas Tadeus Oliveira estudante Mauá, Brasil 2K

Napoleão Mendes de Almeida (1911-1999) diz no Dicionário de Questões Vernáculas que o verbo apiedar-se deve conjugar-se, nas formas rizotônicas, como: «eu me apiado», «tu te apiadas», «ele se apiada» – e assim vai.

É correto conjugá-lo assim, ou é algo excêntrico desse estudioso?

Alberto José Domingues Pires Funcionário público Vimioso, Portugal 3K

Considerando estas duas definições,

(1) «bó | interj. bó interjeição [Regionalismo] Expressão que indica admiração ou espanto. = ORA ESSA "bó» (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; consultado em 04-05-2020].

(2) «bô adj. Pop. e ant. O mesmo que bom: “pois que tinha bô lugar”. G. Vicente, J. da Beira.» (in Novo Diccionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo 1913)

Como devemos escrever/dizer: "bó" ou"bô"?

Bó! — Bô!

Bó-era! — Bô-era!

Bó-geira — Bô-geira

Bó! Já agora? — Bô! Já agora?

Bó! Não querias mais nada? — Bô! Não querias mais nada?

Bó! Quem me dera? — Bô! Quem me dera?

Muito obrigado.

Lucas Tadeus Oliveira Estudante Mauá, Brasil 6K

Donde surgiu "mó": de mor (maior) ou muito? Por exemplo, «ela é mó linda».

Li em algum sítio de português que isso veio de muito, mas eu discordo.

É normal ouvir também «ele é o maior babaca», então me parece que vem de maior, e não de muito, como dizem alguns.

Miguel Anxo Varela Díaz Professor de desenho e pintura Ferrol, Espanha 1K

Antes de nada gostaria de dar os parabéns e agradecer a existência desta página maravilhosa das Ciberdúvidas. Eu moro na Galiza e falo galego, mas no seu momento escolhim para a minha língua a opção ortográfica galego-portuguesa e por isso não é estranho que gaste as horas lendo aqui.

Em geral as palavras nas duas beiras do Minho são iguais ou muito parecidas. Mas às vezes alguma delas só está num dos territórios... O caso é que reparei hai pouco que no galego mais enxebre usamos a palavra dedas para falarmos dos dedos dos pés, mas não achei esta forma nos dicionários portugueses.

Gostaria de saber se esta forma é conhecida fora da Galiza, na língua portuguesa, bem como forma dialectal ou histórica ou se consta no registo popular. É uma palavra curiosa, também não sei bem a origem dela, se tem paralelismos noutras línguas românicas ou se parte duma analogia...

Obrigado e saudações desde o confinamento aqui no norte do norte.

 

N. E. (24/04/2020) – Mantiveram-se a morfologia (hai, escolhim), as palavras (enxebre = «puro, autêntico») e a fraseologia (no seu momento = «a certa altura») galegas, incluindo a construção «desde o confinamento», que, em português, não se recomenda.

Lucas Gomes Autónomo S. Paulo, Brasil 11K

Quando quero me referir à maneira de pagar alguma coisa, qual das frases abaixo está correta?

1) Pagar à prestação.

2) Pagar a prestações.

Elisabete Martins Professora Quinta do Conde - Sesimbra, Portugal 7K

Há pouco tempo surgiu a dúvida entre «bago de arroz» ou «grão de arroz». Qual é a forma correta?

Sempre disse «bago de arroz», até existe uma loiça chinesa com essa designação. Soube que os nortenhos dizem «grão de arroz».

Podemos usar as duas?

Muito obrigada!