DÚVIDAS

A função sintática de suas
Nas orações abaixo, qual a função sintática de suas? Por se tratar morfologicamente de um pronome possessivo, poder-se-ia dizer que exerce a função de adjunto adnominal. Contudo, uma análise mais atenta revelaria que suas se refere a «direitos humanos». Desta forma, considerando que «violações» é um nome que exige complementação semântica e que «direitos humanos» complementa o sentido de «violações», funcionaria suas como um complemento nominal? Se esta análise estiver correta, é adequado utilizar um pronome possessivo como complemento nominal? Em caso negativo, qual seria então a alternativa para evitar a repetição de «direitos humanos» sem alterar substancialmente a estrutura frásica? «Urge ensinar direitos humanos em escolas e universidades. A sociedade parece ignorar sua universalidade e a gravidade de suas violações.»
Sobre «A vírgula em orações consecutivas»
«E a passagem da monarquia para a república não melhorou a vida da população, que se sentiu defraudada.» Na frase acima, apresentada pela consulente Maria Pereira em 10/11/2011, permito-me discordar da resposta dada pelo consultor Miguel Moiteiro Marques. Com a vírgula, a oração «que se sentiu defraudada» poderia também ser interpretada, e muito mais, como adjetiva explicativa. Portanto, a meu ver, a melhor solução, caso se queira considerá-la oração consecutiva, seria utilizar uma das locuções conjuntivas apontadas: «de modo que», «de forma que», após a competente vírgula, é claro. Penso, aliás, que a conjunção que consecutiva seria mais bem usada em construções tais como: «Correu tanto, que se cansou»; «Seu olhar era tão incisivo, que a moça ficou encabulada» (Fernando Bueno, Brasil). Na frase: «E a passagem da monarquia para a república não melhorou a vida da população, que se sentiu defraudada.» – a oração que se sentiu defraudada não é consecutiva, mas relativa. Verifiquei hoje que o Ciber modificou o texto da resposta inicial, que estava errada. Mas, em vez de corrigir o erro, acentuou-o. Aquele que é um pronome tão relativo (!) que até é sujeito da oração. Se não acreditam no que eu digo, perguntem a qualquer professor de latim. Nenhum pode admitir a hipótese de aquele que ser consecutivo; nenhum ali poria um ut (conjunção consecutiva). E repito, sem receio de errar: nenhum! E nem precisarão de ir fora da equipa do Ciber! Há nela quem possa confirmar a minha análise. A nossa Colega, a professora Maria Pereira, que teve a humildade de vos consultar, e os vossos muitos leitores merecem uma informação correcta. (Virgílio Dias, Portugal)
Tanach, Avesta e Vedas
Tanach é como os judeus chamam o Velho Testamento da Bíblia. Já existiria o aportuguesamento «Tanaque», assim como já se registra Talmude, como aportuguesamento de Talmud? O livro sagrado do zoroastrismo é Avesta ou Zendavesta, pelo o que se lê no Aurélio. Pois bem, gostaria de saber se se escrevem assim mesmo, com capitular, já que o famoso léxico silencia sobre este aspecto. Outra dúvida é se a prosódia não seria antes oxítona nos dois bibliônimos, ou ao menos no primeiro, dando então Avestá e talvez Zendavestá também. A terceira dúvida sobre este livro é se a forma Zendavesta seria a melhor, ou Zende-Avesta ou ainda Zende-Avestá seriam as preferíveis. Encontro atestada esta última no Aulete Digital. Na Internet, deparo-me também com Zend-Avesta, mas, devido à sua grafia, não me parece apropriada para o nosso idioma. Quando ao livro sagrado do hinduísmo, as questões são a respeito do seu título, se deve ser escrito Veda ou Vedas; sobre o timbre do e, se é aberto ou fechado. Creio que, em qualquer dos casos, com capitular sempre. Que o Ciberdúvidas, o mais iluminador dos sítios da Web, ministre-me as suas luzes, por favor.
A palavra jipe
Por favor, pergunto: Se a palavra Jeep é uma marca registrada, porque nosso dicionário registra jipe? Parece mais uma incoerência de uma língua extremamente desordenada e que muda com o vento. Porque não dizemos Codack, ou picapi (pick-up), ou blequetai (blacktie), ou blequeaut (blackout), ou mesmo Ronda (Honda) ou Quia (Kia), Riundai (Hyundai), aiceberg (iceberg), Boeingui (Boeing) e por aí vai. Me parece lógico que marcas registradas não deveriam ser aportuguesadas e muito menos ensinado desta forma aportuguesada aos alunos. Afinal, é uma marca registrada. Que tal Kaipirhinha, paras os de língua inglesa?
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