DÚVIDAS

Concordância com verbo pronominal

Ultimamente, em meu trabalho de revisão de texto, venho me deparando com um tipo de construção que me causa dúvida: a concordância do verbo pronominal na oração subordinada. Levo em conta a regra de que, pelo menos para verbos não pronominais, esse tipo de concordância é facultativa quando o sujeito da segunda oração já for referenciado na primeira e o verbo estiver no infinitivo pessoal (ex.: «O professor ajudou as crianças a entender a lição»/«O professor ajudou as crianças a entenderem a lição»).

No entanto, a dúvida me ocorre quando o verbo da oração subordinada é um verbo pronominal. Nesse caso, é obrigatória a conjugação em número? E a presença do pronome átono? A fim de elucidar minha pergunta, deixo três frases que exemplificam as alternativas para minha questão:

1. «O garçom nos ajudou a sentar.»

2. «O garçom nos ajudou a nos sentar.»

3. «O garçom nos ajudou a nos sentarmos.»

Resposta

Quando uma oração não finita tem um verbo reflexo ou com se inerente e o seu sujeito é realizado como complemento direto da frase matriz, esse pronome reflexo pode ser omitido: «o garçom nos ajudou/ajudou-nos a sentar». Tal não impede, porém, que as outras duas frases estejam também corretas.

Evanildo Bechara, na sua Moderna Gramática Portuguesa (Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, pág. 180), descreve esta possibilidade com verbos causativos (nos quais podemos incluir ajudar) e percetivos:

«Em construções do tipo fi-lo sentar-se (e também com os verbos deixar, mandar, ver, ouvir e sinônimos), isto é, em que depois destes verbos com pronome objetivo se segue o infinitivo de verbo reflexivo, pode-se deixar claro este último pronome ou omiti-lo: fi-lo sentar

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