O constituinte «Tendo em vista que os recursos são escassos» é uma oração gerundiva que inclui uma oração subordinada completiva no seu interior.
Tal como é típico das orações gerundivas, a oração é introduzida por um verbo flexionado no gerúndio, neste caso a forma verbal tendo.
O valor causal que se associa à oração fica a dever-se a processos de inferência que são ativados pelos elementos da frase, nomeadamente o facto de se apresentar uma ordem causa-efeito1. Assim, a ideia de causa aparece em primeiro lugar, veiculada pela oração causal, e a ideia de efeito associa-se à oração subordinante («devemos economizar»), o que permite uma leitura equivalente à frase que se apresenta em (1):
(1) «Devemos economizar porque os recursos são escassos.»
No interior da oração gerundiva, encontramos uma oração completiva que se subordina ao nome «vista». Veja-se que esta relação de subordinação se manteria caso o verbo fosse flexionado no presente do indicativo (numa frase que veicula, naturalmente, valores distintos):
(2) «Tenho em vista que os recursos sejam escassos.»
Ou seja, a oração «que os recursos são escassos» é uma completiva de nome que, na oração gerundiva, assume uma posição hierárquica dependente. Veja-se que seria possível converter a oração completiva num sintagma nominal, também ele dependente do substantivo recursos:
(3) «Tendo em vista a escassez de recursos, devemos economizar.»
Disponha sempre!
1. Para mais informações, cf. Lobo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 2044 – 2056.