Considerando a frase tal como é apresentada e sem outro contexto, o uso do pronome se é obrigatório.
O verbo deteriorar tem um uso transitivo direto, como se verifica em (1):
(1) «A chuva deteriorou a cobertura.»
O verbo deteriorar exige um argumento interno, o complemento direto, que indique a realidade sobre a qual incide o dano expresso pelo verbo e um argumento externo, o sujeito, que indica o agente da ação. No caso da frase (1), o objeto danificado é a cobertura e o agente a chuva. Se não se verbalizar o argumento interno pedido pelo verbo, a frase ficará agramatical, o que está patente em (2), onde falta a informação sobre o que foi deteriorado:
(2) «*A chuva deteriorou.»
Os verbos que têm este comportamento semântico recebem o nome de causativos. Entre eles alguns admitem uma variante em que o argumento interno, o complemento direto, passa a funcionar como sujeito e o sujeito original não é realizado:
(3) «A cobertura deteriorou-se.»
Esta é considerada a variante incoativa do verbo, que é assinalada por meio da presença do pronome átono se.
Nestas construções incoativas, a causa da ação pode ser expressa por um sintagma iniciado pela preposição com ou por locuções como «devido a» ou «por causa de»1:
(4) «A cobertura deteriorou-se por causa da chuva.»
Ora, parece ser esta a situação presente na frase apresentada pelo consulente, aqui transcrita em (5) e à qual se acrescentou o pronome se:
(5) «Os equipamentos de proteção de borracha deterioram-se sob a influência de ozônio, calor, óleo, etc.»
O verbo está a ter um uso incoativo, o que é assinalado pelo pronome átono; o sujeito corresponde ao argumento interno do verbo, expressando a entidade sobre a qual recai a ação de degradação; o sintagma «sob a influência de ozônio, calor, óleo, etc.» indica a causa da ação.
Disponha sempre!
*indica a inaceitabilidade da frase.
1. Para mais informações sobre os verbos de alternância causativa-incoativa, cf. Duarte in Raposo, Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 450-453.