O verbo caber pode ser intransitivo ou transitivo indiretotransitivo. Este último uso está ilustrado em (1), frase em que o verbo se constrói com complemento indireto («aos alunos»):
(1) «Cabe aos alunos estudar.»
Neste caso, é possível pronominalizar o argumento do verbo, o que acontece em (1a):
(1a) «Cabe-lhes estudar.»
O pronome lhes desempenha a mesma função que o constituinte «aos alunos»: ambos são complemento indireto do verbo caber.
Note-se que, do ponto de vista normativo, a pronominalização do complemento indireto é feita por meio de um pronome clítico e não por um pronome forte. Pode, no entanto, acontecer que, por razões de focalização informacional se pretenda colocar em destaque o pronome. Como os clíticos são formas fracas, sem acento tónico, a língua dispõe de uma estrutura em que «um pronome tónico duplica, ou “redobra” o clítico (de forma a colmatar, para um fim particular, a sua natureza “fraca”, ou “deficiente”.» (Martins in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 2237) A frase (2) ilustra esta estrutura:
(2) «Cabe-lhes a eles estudar.»
O pronome lhes e o sintagma «a eles» têm a mesma função sintática, pois preenchem duplamente o mesmo argumento do verbo caber.
Assim, a frase apresentada pela consulente tem duas possibilidades de realização: com pronome clítico (3) ou com redobro do pronome (4):
(3) «Cabe-nos respeitar a sua opinião.»
(4) «Cabe-nos a nós respeitar a sua opinião.»
Nas frases (3) e (4), a oração infinitiva («respeitar a sua opinião») tem a função de sujeito, como se confirma pela possibilidade de substituição pelo pronome isso:
(4a) «Isso cabe-nos a nós.»
Esta oração completiva pode ser de infinitivo flexionado ((4b)) ou de infinitivo simples ((3) e (4)):
(4b) «Cabe-nos (a nós) respeitarmos a sua opinião.»
Neste caso, o sujeito implícito da oração subordinada completiva é interpretado como sendo correferente do complemento indireto do verbo (o clítico nos).
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