Gabiar é o mesmo que gavear, um transmontanismo que significa «plantar bacelo», conforme já registava Cândido de Figueiredo, no seu Nôvo Diccionário da Língua Portuguesa, em 1899.
A forma gabiar tem como nome correspondente gábia, do qual deve ter derivado. Gábia é, segundo a fonte já citada, «escavação em volta da videira, para a estrumar ou para fazer mergulhia. (Colhido no Mogadouro)», atribuindo-se-lhe origem castelhana, gavia.
Assinale-se aqui o registo da forma gávea no Dicionário Houaiss como termo da marinha, com uma série de aceções:
«1 nome específico do mastaréu que espiga imediatamente acima do mastro grande
2 nome específico da verga que cruza no mastaréu de gávea grande
3 nome específico da vela redonda que pende da verga de gávea do mastro grande
4 design. genérica para as velas redondas (nos navios de três mastros, de vante para ré: velacho, gata, gávea), que pendem das vergas de mesmo nome
5 design. genérica dos mastaréus e vergas (nos navios de três mastros, de vante para ré: do velacho, da gávea e da gata), que espigam logo acima dos mastros reais.»
Observe-se que, em dialetos setentrionais portugueses, gávea pode soar como gábia. Não é descabido supor que o transmontanismo em questão e o termo náutico podem historicamente ter divergido da mesma palavra, conforme informação etimológica também do Dicionário Houaiss, que, no entanto, não se refere à origem castelhana proposta por Cândido de Figueiredo:
«[do] latim medieval gabia, do latim clássico cavea,ae "gaiola, jaula, cortiço de abelhas; conjunto de estacas que se colocam em volta das árvores para as proteger do gado", com interferência do italiano gabbia (séculos XIII-XIV) "gaiola em forma de caixa, feita de tela e de ripas dispostas em barras para encerrar animais, especialmente pássaros".»
Há, portanto, em comum entre gábia e gávea a noção de uma estrutura feita à volta de plantas ou de animais. Fica a conjetura da origem partilhada, enquanto não for possível ter dados mais seguros sobre a sua equivalência.