A conjunção como com valor causal usa-se habitualmente com o modo indicativo.
A oração causal introduzida pela conjunção como apresenta uma causa verdadeira e conhecida de todos, devendo ser colocada à cabeça da frase:
(1) «Como o prazo de entrega do trabalho termina hoje, ficamos em casa.»
O valor de causa real e conhecida é expresso pelos tempos do modo indicativo.
Sobretudo no registo escrito, como pode usar-se com conjuntivo, numa sintaxe que se pode considerar latinizante1 2.
Registe-se ainda que a conjunção como pode associar-se a outros valores. Por exemplo, quando conjugada com se, exprime uma comparação hipotética, também classificada como comparativa-condicional1:
(2) «Ele agia como se o estivessem a observar.»
Neste caso, recorre-se ao conjuntivo para expressar o valor de possibilidade/hipótese (ver também esta resposta).
Refira-se também que, como se explicou nesta resposta, com este valor, é possível encontrar frases que omitem se. Estas são construções próprias de um registo informal, tendo aceitabilidade duvidosa entre muitos falantes.
Em síntese, a frase apresentada pela consulente poderá apresentar o verbo no indicativo ou no conjuntivo (opção que será sentida como mais literária):
(3) «Como ele era / fosse um rapaz ousado, foi até lá.»
Disponha sempre!
1. Paul Teyssier, Manual de Língua Portuguesa. Portugal-Brasil, 1989, p. 280.
2. Said Ali apresenta também uma construção de como com conjuntivo: M. Said Ali, Gramática Secundária da Língua Portuguesa, p. 203
Cf. f. Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 753-754.