O adjetivo casual é polissémico, ou seja, pode ter vários significados. Com efeito, pode ser sinónimo quer de fortuito e aleatório, quer de ocasional e, portanto, também de pontual e «pouco frequente» (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Acresce que casual ocorre também com sentido de «informal», uso que se considera configurar um anglicismo semântico, por ser idêntico ao de casual em inglês1 (cf. dicionário de inglês-português da Infopédia).
Na frase em questão, o valor aspetual habitual da locução adverbial «quantas vezes (não...)» favorece efetivamente a leitura de casual como «fortuito», dado que interpretar este adjetivo como «ocasional, pontual, pouco frequente» seria contradizer o significado da locução. Mas a ocorrência em análise também não é incompatível com a locução se for entendida na aceção de «informal, descontraído».
Refira-se que a casual se associa ainda um outro significado que se afasta nitidamente dos acima comentados e que não é relevante para esta discussão: trata-se de quando o adjetivo se emprega como o mesmo que «relativo a caso», isto é, quando a palavra alude à categoria gramatical de caso2.
1 O Dicionário Houaiss observa que, como sinónimo de informal», casual «[...] é neológico e semanticamente anglicizante, registrando-se apenas no português do Brasil». Na verdade, também se regista no português de Portugal, como acontece no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, que, sem mencionar uma eventual relação com o inglês, atribui a casual, além do significado de «eventual, aleatório», outro significado: «que é relativo a situações ou contextos em que há familiaridade ou descontração».
2 O nome caso pode ser utilizado como termo da descrição gramatical e aplica-se à «[v]ariação morfológica que uma expressão nominal ou pronominal assume de acordo com a sua função sintáctica» (Dicionário Terminológico).
Cf. Casos, de novo