De um modo geral, quando se fala numa língua flexionada, estamos a pensar em casos como o Latim, o Grego, ou o Alemão, entre outras, que são línguas em que as várias categorias nominais (substantivos, adjectivos, artigos, pronomes) mudam de forma (ou de caso) consoante a função sintáctica que desempenham. Ora isso não acontece com o Português, com o Espanhol, com o Francês ou com o Italiano e é por isso que digo que não há declinações nestas línguas. Contudo, no exemplo apresentado pelo consulente, as várias formas pronominais apresentadas correspondem a funções sintácticas específicas:
ele - sujeito (ou seu complemento)
dele - complemento determinativo ou de posse
o - complemento indirecto
lhe - complemento indirecto
Cada uma destas funções sintácticas corresponde ao caso apresentado pelo consulente:
sujeito, ou seus complementos (ele) - nominativo
complemento determinativo ou de posse (dele) - genitivo
complemento directo (o) - acusativo
complemento indirecto (lhe) - dativo
Isto não significa que o Português tenha declinações, mas apenas que na flexão pronominal permanecem vestígios da flexão latina.