No caso apresentado, o verbo tem forma reflexiva e pode enquadrar-se naquilo que E. Bechara designa como «voz reflexiva» (Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2002, p. 222); o verbo assim usado chama-se pronominal (ibidem e p. 262), porque se se refere ao sujeito da forma verbal e, em certos casos, pode ser reforçado por «a si mesmo»; «ele elegeu-se presidente a si mesmo». Contudo, há verbos que são pronominais, muito embora o pronome átono associado não seja, a rigor, reflexivo: «ele esforçou-se muito». Quer isto dizer que a conjugação pronominal nem sempre é reflexiva (ver Bechara, p. 222, observação 3.ª).
Na passiva de se, que Bechara inclui na voz passiva, não é possível o reforço com «a si mesmo», e o agente da ação fica indeterminado: «na reunião, elegeram-se dois secretários» (não se sabe quem exatamente os elegeu, a não ser que o contexto permita depreendê-lo). Esta situação é um uso especial da conjugação pronominal, e, de facto, Bechara (ibidem e p. 563) fala em «passiva pronominal», quando ocorre com verbos transitivos: «elegeram-se dois secretários». Neste caso, considera-se (ibidem) que se deve distinguir a voz passiva («foram eleitos») da voz reflexiva passiva («elegeram-se»).