De acordo com o Dicionário de Termos Linguísticos (vol. II) das Edições Cosmos, a alomorfia é a «variante de um morfema determinada pelo contexto», sendo que morfema é a «unidade mínima com valor morfológico distintivo, (...) a menor unidade portadora de significado». Exemplo de "alomorfe": amável / amabilidade. Neste caso os morfemas -vel/-bil- variam complementarmente, ou seja, há uma regra que restringe o uso de um ou de outro (se houver sílabas a seguir a -vel, este transforma-se em -bil-). Há, neste caso, uma "acomodação ortográfica" que corresponde a uma alteração fonética. É aqui que reside a diferença. A "acomodação ortográfica”, como lhe chama, não é mais do que o reflexo, a representação gráfica, dessa mudança fonética e morfológica inerente às línguas. A "acomodação ortográfica" não é mais do que o espelho da alomorfia, da variação dos morfemas que significam o mesmo, apesar de terem formas diferentes. A alomorfia no Português resulta, na maior parte dos casos, de uma evolução fonética que se deu na passagem do Latim vulgar para o Português antigo e no uso popular da língua, mas, hoje em dia, essa alternância é um processo natural e morfológico como outro qualquer (por exemplo a alternância vocálica – e ortográfica – na conjugação verbal em “fui” e “foste”).