Há um erro no verso transcrito, que corretamente é como a seguir se apresenta:
(1) De Áfrico e Noto a força, mais se atreve
Este verso é regular.
No entanto, é conhecido o facto de vários versos divergirem deste modelo, conforme se assinala e comenta no Dicionário de Camões (Lisboa, Editorial Caminho, 2011):
«[...] indicaremos a presença, além dos versos decassílabos acentuados normal e predominantemente na 6.ª e 10.ª sílabas, como na estrofe acima, de versos considerados, por alguns autores, fora da norma: Acentuação na 4.ª, 8.ª e 10.ª sílabas: "De África as terras e do Oriente os mares" (Os Lusíadas, I.15). Ritmo do chamado decassílabo sáfico, mais usado na poesia lírica. Outro exemplo: «De consciência e de virtude interna» (Os Lusíadas, VIII.54). Acentuação na 3.ª, 8.ª e 10.ª sílabas. Ex.: "Sacras aras e sacerdote sancto" (Os Lusíadas, II.15). Forma variante do decassílabo sáfico. Acentuação na 5.ª e 10.ª sílabas: «Dizem que, por naus que em grandeza igualam» (Os Lusíadas, V.77). Aqui se trata do chamado verso decassílabo de arte maior, com acentuação na 5.ª e 10.ª sílabas. Os chamados versos de arte maior, normalmente, são acentuados na 5.ª e na 11.ª sílabas. Mas aparecem ao lado de versos com acentuação na 5.ª e na 10.ª sílabas, resultantes da soma de dois versos de cinco sílabas, chamados de versos de redondilha menor, na tradição rítmica do idioma. Acentuação na 4.ª, 7.ª e 10.ª sílabas: "De vossos Reinos, será certamente" (Os Lusíadas, VII.62). Trata-se do chamado verso decassílabo de gaita galega, de origem trovadoresca: as populares muiñeras [sic] (cantigas de moinho). Acentuação na 4.ª e 10.ª sílabas. Aqui se trata do decassílabo a minori, encontrado na épica: "Apolo e as Musas, que me acompanharam" (Os Lusíadas, VII.87). A nosso ver, nos exemplos citados, o que se tem é simples variedade rítmica dentro do metro, conforme a tradição rítmica do idioma. Portanto, não se trata, propriamente, de nenhuma irregularidade, como defendem alguns autores.»