O que diz é pertinente, porque a escansão tem muitas semelhanças com a divisão silábica de uma palavra. No entanto, na representação da escansão de um verbo, não é obrigatório assinalar o começo de nova sílaba antes da consoante que acabar palavra e preceder nova palavra começada ou constituída por vogal (por exemplo, «ser/ artista»).
Assim, por exemplo, Amorim de Carvalho, no seu Tratado de Versificação Portuguesa (Centro do Livro Brasileiro, 1981, p. 16), divide um verso de Os Lusíadas do seguinte modo:
Deu/ si/nal/ a/ trom/be/ta/ cas/te/lha/na
Verifica-se a sequência «... si/nal/ a/...», que apresenta a barra de separação depois da consoante que trava uma sílaba final, muito embora foneticamente, na cadeia fónica, essa consoante se ligue ao artigo definido a e comece nova sílaba.
Não obstante, em situações destas, na prática, a contagem de sílabas tanto pode considerar que a consoante pertence à sílaba que trava, definindo fronteira de palavra, como aceitar que começa nova sílaba no conjunto das que constituem o verso.